A tão esperada chuva começa a dar as caras no sertão. A confiança do sertanejo reergue-se e o ciclo natural de entusiasmo e alegria pode ser notado no semblante desse povo.
Embora de maneira tímida e insuficiente para resolver os problemas provocados pela estiagem prolongada, começou a chover em algumas partes do nordeste. O suficiente para renovar o espirito e aliviar um pouco do sofrimento deste povo guerreiro, sábio, persistente e acima de tudo esperançoso.
O que devemos observar minuciosamente é que os problemas ocasionados pela estiagem prolongada, não desparecem assim que se começa a chover. O foco não pode ser desviado, nem tampouco deixado para o mesmo período do ano que vem.
Os efeitos perversos da seca persistirão por alguns anos devido a sua gravidade e profundeza. Os danos colaterais sob o pequeno agricultor principalmente, não desaparecem em questão de meses. Como irá manter-se esse agricultor, tendo vendido ou perdido grande parte de seu rebanho e não aproveitado e nem colhido nada que plantou? Essa deve ser a pauta da discursão.
A reposição dos animais perdidos em virtude da seca é uma medida que pode ajudar e muito no tocante à saúde financeira destes pequenos agricultores. Caso contrário, os problemas sociais nordestinos se agravarão nos fazendo regredir a estaca zero, ameaçando em paralelo toda a conjuntura econômica nordestina, que nos últimos anos tem dado sinal de vida.
Trata-se de uma via de fortalecimento a agricultura familiar, dando condições para que esses agricultores não percam a capacidade de investimento e garantam o seu próprio sustento, tendo em vista que qualquer politica de desenvolvimento deve vir no intuito de manutenção de emprego, e, que neste caso trata-se de criar condições para que essas pessoas continuem produzindo , evitando-se ciclos migratórios elevados, enfraquecendo a base produtiva local e inchando as cidades.
Outro ponto importante é assegurar o escoamento da produção. Dar infraestrutura elementar para produzir é ponto crucial, porém outras vias de fortalecimento devem ser adotadas, como garantir que a pequena produção seja totalmente mercantilizada, diminuindo o risco do investimento, e aumentando o efeito multiplicador local, como gerador de emprego e renda e por consequência diminuição das desigualdades sociais.
É chegado o momento de pensar a questão nordestina, não mais como uma situação local, porque de uma maneira ou de outra, atingem toda a economia brasileira. E o momento de criar uma força de coalizão, que tenha autonomia para intervir de forma pontual sob essas questões nordestinas, para que se diminua a discrepância que existe entre as regiões do Brasil. Afinal não existe nenhuma nação desenvolvida onde há uma sinuosa nítida e gritante entre as suas regiões. Estamos em uma região diferenciada pelos problemas que aqui estão e que não temos como fugir dos mesmos, o que necessitamos é tratamento humano e diferenciado. E momento de pensar o pequeno agricultor não mais como criador de subsistência e sim como empresário.
Leonardo cordeiro é graduando em economia pela FACAPE, filiado ao PMDB de Uauá, sua cidade natal. Mora em Juazeiro desde 2009 e é filho de agricultores.