SEM QUERER, ENGOLI UMA FORMIGA.
No ano de 2006, na posse do Presidente do Lions clube, Orlando S. Pereira, usando da palavra, fui um pouco radical, quando disse que não deseja engolir sapo. E me expliquei: No mínimo causa três reações, este gesto: nojo, vômito e febre. Rejeito os três. O que quis dizer: não aceito porque comumente, no meio político e em outros seguimentos, “engolir sapo” significa assumir tarefa desagradável, ou ouvir ofensas, para preservar as inconveniências de outrem.Fui advertido por um amigo: – Mário, às vezes, temos de engolir sapo. Mais radical ainda disse-lhe: não quero. Já se vão quase sete anos e de vez em quando me lembro do fato e ponho em dúvida minha postura. Até porque existe o provérbio: “nunca diga dessa água não beberei”.
Na noite de 07/04/2013, sem querer, engoli uma enorme formiga. Era quase meia noite, quando fui até a geladeira, peguei o copo, coloquei água e bebi sem olhar. Com a água desceu uma formiga. Quando senti era tarde. Ela desceu de garganta abaixo. Não houve jeito. Quase não durmo. Desceu, morreu e se lascou. Relembrei-me imediatamente do “engolir sapo”, mesmo sendo totalmente diferente.
No Brasil a população engole sapo todo dia. Sapo pequeno, sapo médio, sapo grande e até cururu, de autoridades constituídas, de políticos, de empresas, de ONGS, de blocos de carnaval, de Igrejas (principalmente de seitas), de associações, de homens e mulheres disfarçados sexualmente, de bandidos engravatados, de criminosos maiores e menores etc. Há quem diga que no Brasil se vive dentro de um túnel escuro, estreito, com labirintos e às vezes sem saída. Há quem diga ainda, que vivemos uma época, onde o bem e o mal se digladiam num combate gigantesco. Mas há também os que acham que nem tudo está perdido, enquanto a bondade, o amor, a fé e a fraternidade não desertarem da terra. Resta nos perguntar: até quando?
Resistamos, pois, enquanto possível, engolir sapo, ou até formiga.
MAGOM – Contabilista, Administrador de Empresa e membro do Lions.