O vereador Sílvio Humberto (PSB) criticou nesta terça-feira (30), em entrevista ao Bahia Notícias, o projeto de lei do colega de Câmara Marcell Moraes (PV), que pretende proibir o sacrifício de animais em rituais do candomblé, e considerou “arrogante” a forma como o texto foi apresentado na Casa nesta segunda (29). “Esse projeto ia passar sem ser discutido. Cada vereador representa quase três milhões de habitantes de uma cidade considerada a capital da negritude. No mínimo, é preciso ouvir o contraditório, tentar aprender com o outro. Ele vivencia uma cidade negra, mas tem uma mentalidade dissociada”, argumentou. O socialista lembrou a escolha, na última quinta-feira (26), do nome da ialorixá Mãe Stella de Oxossi para integrar a Academia de Letras da Bahia. “É a essência do candomblé a defesa da natureza. Mãe Stella fala exatamente que não é do nosso interesse forçar alguém a crer em nossas verdades, mas ajudar a ampliar o conhecimento dos outros para que seus corações fiquem cada vez mais livres dos preconceitos”, comentou, ao pontuar que não está em discussão a diferença, mas o antagonismo.
Sobre a possibilidade de substituição nas oferendas, o vereador alegou que seria o mesmo de abolir a cruz do catolicismo. ”A questão é que não se quer dar o tratamento de religião à matriz africana, que é considerada como seita. É como tirar uma carta do castelo: cai tudo”, comparou. “Foi assim que essas práticas começaram na Alemanha, com um jogo de palavras. Um fala de sacrifício e outro de oferenda. Então, posso dizer que, se você come um aipim, você também está usando um ser vivo. São visões de mundo diferentes. O que me deixa indignado é a ignorância, a intolerância. E ele não está aberto para entender. Mas, se semeou o vento, agora vai colher todas as tempestades”, arrematou.
Bárbara Affonso, (BN)