O piloto do avião agrícola que despejou agrotóxico sob uma escola municipal São José do Pontal, na zona rural de Rio Verde, região sudoeste de Goiás, prestou depoimento sobre o caso e foi preso na tarde desta sexta-feira (3). Ele foi autuado em flagrante por crime ambiental e por desrespeitar as normas do uso de agrotóxico. Além dele, o proprietário da empresa a qual o avião pertence e o responsável técnico também foram detidos.
Segundo funcionários da escola, o piloto estaria realizando um trabalho de combate às pragas de uma lavoura de milho e acabou jogando um inseticida chamado engeo pleno sobre um colégio localizado no Assentamento Pontal dos Buritis, às margens da GO-174.
No momento em que o fato aconteceu, segundo o Corpo de Bombeiros, 122 alunos estavam na escola. Ao todo, 37 pessoas foram intoxicadas, sendo oito adultos. As 29 crianças, com idade entre seis e 14 anos, foram atingidas enquanto brincavam na quadra de esportes.
De acordo com informações preliminares do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), nesta manhã, 42 alunos estavam vomitando, sentido tonturas e fortes dores de cabeça, que segundo o órgão, é comum em casos de intoxicação. Desses, 29 ficaram internados.
O assentamento onde está localizada a escola fica a cerca de 130 km de Rio Verde. As crianças foram levadas em um ônibus para hospitais de da cidade e também de Montividiu. O diretor e uma professora da escola que tentaram retirar os alunos da quadra também precisaram ser atendidos.
A Aerotex Aviação Agrícola LTDA responsável pela aplicação de agrotóxicos no local disse que não houve derramamento de veneno sobre a escola. A empresa afirma ainda que está apurando as possíveis causas do acidente.
Desespero
O agricultor Neilton Batista Ferreira conta que a mulher dele viu o momento exato em que tudo aconteceu.
“Minha esposa é professora aqui e ficou desesperada. o avião jogou veneno em cima da escola e os meninos estavam de fora. Tem algumas crianças que estão coçando demais”, lembra.
Na porta da escola, pais dos alunos estavam ansiosos à espera de notícias. “A gente tem medo, porque é veneno”, disse a dona de casa Maria Aparecida Fátima dos Santos, mãe de uma das crianças atingidas.
Cerca de 300 alunos que moram nas proximidades estudam no colégio atingido pelos agrotóxicos.
Observação
A Secretaria Estadual de Goiás (SES) determinou que todas as pessoas intoxicadas, mesmo as que já receberam alta hospitalar, passem a noite em observação. A prefeitura de Montividiu disponibilizou ônibus para que estes pacientes passem a noite em Rio Verde.
Uma grande estrutura foi montada em uma escola municipal da cidade para auxiliar no atendimento das pessoas intoxicadas. O colégio fica bem próximo ao hospital municipal.
Além disso, uma equipe do Centro de Informação Toxicológico de Goiânia está se deslocando para Rio Verde para ajudar os pacientes.(G1)