
O mesmo cenário, o mesmo problema, o mesmo espaço. Nesta dolorosa história da vida real em Juazeiro, de novo somente o personagem, o jovem Wesley Marcel Santos Taveres, de apenas 23 anos. Na última sexta-feira (21), por volta das 9h da noite, ele sofre um acidente na Ponte Presidente Dutra, quando voltava de Petrolina. Ao descer a rampa de acesso à ponte, na parte destinada aos pedestres e ciclistas, a bicicleta do estudante não aguentou a pressão das lombadas que ficam no final da rampa e se partiu. O estudante foi arremessado ao chão e sofreu graves ferimentos no rosto, em especial na boca, quebrando três dos dentes frontais. Ele foi socorrido por outros pedestres, levado até a sua casa e depois encaminhado para o Hospital Regional, onde levou cinco pontos acima da boca.
A mãe de Wesley, a funcionária pública Idesidéria Tavares, ficou apavorada quando viu o filho naquela situação, todo ensanguentado. A história, infelizmente, não acontece pela primeira vez. Há alguns meses, outros jovens já se acidentaram no mesmo local, devido às lombadas da rampa, que não estão sinalizadas. “Não foi o primeiro acidente com ciclista e, se as autoridades competentes não tomarem uma providência, não será o último”, expressa Idesidéria, demonstrando preocupação e revolta.

O estudante afirma que estava em baixa velocidade, porque já tinha conhecimento da lombada, mas mesmo assim não conseguiu evitar o acidente. “O local é escuro, não tem sinalização e eu conheço pelo menos mais cinco casos de amigos que já se machucaram por causa das lombadas”, acrescenta Wesley. Além dos danos físicos e dos gastos com medicamente, o jovem também ficou impossibilidade de realizar a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que aconteceu neste final de semana, tendo que adiar o sonho de cursar uma universidade federal.

Ainda abalada, a mãe de Wesley afirma que irá tomar todas as medidas legais para cobrar dos órgãos competentes a responsabilidade do acidente. “A gente paga uma série de impostos para quê? Para uma empresa fazer uma obra que coloque em risco a nossa vida e a vida dos nossos filhos? Isso está errado. Os danos emocionais não têm como ser revertidos, mas alguém tem que pagar pelos gastos com medicamente, táxi e o tratamento dentário que ele (Wesley) precisa fazer”, protesta Idesidéria.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a empresa de engenharia Arteleste respondem pela construção das rampas, sob projeto elaborado pela Prefeitura Municipal de Juazeiro. A gestão do atual Prefeito Isaac Carvalho recebeu diversas críticas quanto à construção de mais rampas de acesso à ponte, principalmente sobre a alegação de que a obra remete a paisagem de Juazeiro à década 60, quando outras rampas existiam no mesmo lugar de hoje. A Prefeitura afirma que as rampas são provisórias até que se construa o Anel Viário em Juazeiro, obra ainda sem perspectiva de início.
Por Ricardo Alves
Fotos: Gabriela Moura
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