O programa Água para Todos, coordenado pelo Ministério da Integração Nacional e executado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em sua área de atuação, será um dos destaques da 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o maior evento científico do Brasil. O encontro acontecerá entre os dias 21 a 26 de julho no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Com o título Programa Água para Todos: implantação de tecnologia inovadora e exitosa de cisternas para consumo humano e conquista da água pelas famílias rurais, o trabalho, aprovado pela comissão científica do evento, será apresentado pelos analistas em desenvolvimento regional da Codevasf Eduardo Motta e Eleniz Lisboa. O trabalho é um estudo de caso sobre os resultados do Água para Todos em comunidades rurais difusas no semiárido alagoano. O engenheiro de pesca Eduardo Motta atua há 30 anos na Companhia e exerce atualmente a função de coordenador regional do Água para Todos em Alagoas; a especialista em economia doméstica Eleniz Lisboa já atuou no programa em Alagoas e hoje está lotada na Unidade de Desenvolvimento Territorial da Superintendência Regional da Codevasf em Bom Jesus da Lapa (BA).
“A proposta dos autores foi promover essa tecnologia inovadora junto à comunidade científica brasileira para que todos conheçam a experiência de sucesso executada pelo Ministério da Integração Nacional e pela Codevasf, que está mudando o panorama do semiárido ao proporcionar, com a rapidez necessária, que a população exige, o acesso à água por meio da instalação de cisternas de polietileno com capacidade de armazenamento de até 16 mil litros de água da chuva”, afirmam Eduardo Motta e Eleniz Lisboa.
O trabalho contou com a colaboração do engenheiro agrícola da Codevasf Geraldo Fonseca, que integrou a equipe do programa Água para Todos em ações de mobilização social e hoje ocupa a chefia da Unidade Regional de Administração Fundiária da Companhia em Alagoas, e da geógrafa Magda Queiroz, doutoranda em Ciência Política da Universidade de Salamanca, na Espanha.
O pôster que será apresentado na 65ª reunião da SBPC indica as ações desenvolvidas para promover a universalização do acesso à água em áreas rurais do estado de Alagoas. O estudo de caso descreve ainda o processo de formação dos comitês gestores municipais, que representam o programa nos municípios e agem como facilitadores na seleção das famílias, e das comissões comunitárias, que operam o programa nos povoados e mobilizam as famílias beneficiadas para capacitações em gestão de água.
“Já é possível constatar a diminuição da incidência de doenças veiculadas pela água. Acreditamos que a convivência com o semiárido requer políticas públicas permanentes e apropriadas que tenham como referência as capacidades humanas locais, de forma que as famílias beneficiadas, suas organizações sociais e agentes comunitários de saúde estejam envolvidos no processo de constituição de seus direitos e passem a exigir atitudes rápidas e exitosas como essa inovadora tecnologia social adotada pela Codevasf – uma vez que quem tem sede, tem pressa”, dizem os autores do trabalho.
O programa
Criado em meados de 2011 e operacionalizado a partir de 2012, o programa Água para Todos integra o Plano Brasil sem Miséria e tem como meta principal a universalização do acesso a água para a população rural do semiárido brasileiro. Um dos objetivos é beneficiar 750 mil famílias com cisternas de consumo humano até o fim de 2014.
O Água para Todos contabiliza mais de oito mil reservatórios instalados no sertão de Alagoas desde junho de 2012 nos municípios de Estrela de Alagoas, Craíbas, Arapiraca, Belo Monte e Delmiro Gouveia. Entre 2013 e 2014 a Codevasf planeja instalar mais 16.299 cisternas em 22 municípios do vale do São Francisco alagoano. As cisternas têm capacidade de armazenamento de 16 mil litros de água, quantidade capaz de suprir as necessidades básicas de uma família com cinco pessoas por períodos de estiagem de até seis meses. O abastecimento das cisternas ocorre durante os períodos chuvosos: a água da chuva é aparada nos telhados das residências onde vivem as famílias beneficiadas e conduzida, por meio de um sistema de calhas e canos, para o interior dos reservatórios.