O goleiro Bruno tomou dois tranquilizantes sem indicação médica, passou mal e foi levado para a enfermaria do Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O incidente aconteceu no domingo (19), mas foi confirmado nesta quinta-feira (23) em nota pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Em março de 2013, o jogador foi condenado a 22 anos e três meses de prisão pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio.
Ainda segundo o comunicado, Bruno foi atendido e liberado. A unidade prisional instaurou um procedimento interno para apurar como os medicamentos chegaram até o goleiro. A Seds informou que ele passa bem na manhã desta quinta-feira.
O G1 entrou em contato com advogado de Bruno, Lúcio Adolfo, mas ele não foi encontrado para comentar o ocorrido.
Retorno de visitas e banho de sol
Bruno Fernandes poderá receber visitas nos finais de semana e ter banhos de sol a partir desta quinta-feira (23), após suspensão de 30 dias dos direitos, informou a Seds. Ele foi proibido de ter os benefícios depois de discutir com outros presos da unidade, com quem trabalhava na lavanderia. A decisão prevê ainda que ele fique impedido de retornar ao serviço por tempo indeterminado. Ele foi afastado do trabalho no dia 1º de abril.
No dia 29 de abril, a Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) informou que Bruno também fez ameaças a dois agentes penitenciários e a outros detentos, motivando a suspensão do trabalho. A cada três dias trabalhados na lavanderia, Bruno tinha um dia reduzido à pena. A penalidade foi acrescida pelo impedimento de frequentar o banho de sol e receber visitas no dia 26 do mesmo mês.
Quando o prazo de suspensão do trabalho foi prorrogado, no dia 29 de abril, por decisão de uma comissão interna da penitenciária, o advogado Lúcio Adolfo questionou a decisão. Segundo o defensor de Bruno falou à época, a acusação de ameaças verbais a um agente penitenciário e a outros dois detentos é uma “mentira”. E disse ainda que a única testemunha da suposta confusão é um preso. “Julgamento sem prova nenhuma. Ele não sabe nem a data que isso teria acontecido”, disse Adolfo.
O caso
Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.
Em março deste ano, Bruno foi considerado culpado pelo homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado da jovem. A ex-mulher do atleta, Dayanne Rodrigues, foi julgada na mesma ocasião, mas foi inocentada pelo conselho de sentença. Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, já haviam sido condenados em novembro de 2012.
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado a 22 anos de prisão. Enfrentarão júri ainda Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio, e Wemerson Marques de Souza, amigo do goleiro. O julgamento, marcado inicialmente para 15 de maio, foi remarcado para 28 de agosto.
Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto de 2012. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido. Jorge Luiz Rosa, outro primo do goleiro, que era menor de idade na época da morte, cumpriu medida socioeducativa por crimes similares a homicídio e sequestro. Atualmente tem 19 anos e é considerado testemunha-chave do caso.(G1)