Os eventos estão marcados para acontecer nos dias 11/06, no N-11, do Projeto Senador Nilo Coelho, em Petrolina (PE), e 13/06, no Lote 21, Projeto Mandacaru, em Juazeiro (BA). Estes são os primeiros de uma série de 17 dias de campo que dão início a uma das principais estratégias para o controle dessa praga que ameaça a produtividade dos pomares de frutas no submédio do vale do rio São Francisco: o envolvimento dos produtores controle da praga.
Beatriz Aguiar Jordão Paranhos, pesquisadora da Embrapa Semiárido, afirma que o sucesso de qualquer programa de contenção dessas moscas requer a cooperação e participação ativa de todos os fruticultores. A praga infesta áreas de culturas variadas e não basta que um ou alguns produtores tomem iniciativas para monitorar e suprimir a população do inseto.
“Este é um trabalho que precisa ser feito por todos, de forma coletiva. Cada um tem muito a contribuir para a solução do problema que causa tanto prejuízo à fruticultura da região”, afirma.
Os dias de campo estão programados para acontecer nos perímetros irrigados de Juazeiro e Petrolina, além de Casa Nova, Sento Sé e Belém do São Francisco. Com eles, se pretende divulgar informações sobre a biologia e o comportamento dessas moscas, ações de monitoramento e os métodos de controle (cultural, químico e biológico). Na organização, estão envolvidas, além da Embrapa Semiárido, Valexport, Câmara da Fruticultura, ADAGRO, ADAB, Moscamed, MAPA, Dow Agroscience, IHARA e Sebrae.
Várias dessas instituições integram o Comitê Técnico encarregado de articular a adoção urgente de medidas para controle do inseto. Atualmente, apenas os pomares de manga, onde as frutas colhidas são destinadas à exportação, se submetem à legislação fitossanitária com normas específicas de controle, em especial a que obriga o monitoramento para se saber o nível de infestação do inseto na área de plantio.
Contudo, a capacidade da espécie Ceratitis capitata ou mosca-do-mediterrâneo (moscamed) de infestar grande diversidade de frutos exige que as medidas de contenção da praga sejam estendidas aos pomares de uva, goiaba, acerola, carambola, cajá, siriguela, dentre outras. Por isso, é preciso ampliar os efeitos da legislação para as demais culturas do Vale.
Medidas – Em geral, as moscas-do-mediterrâneo fazem suas posturas nos frutos, quando começam a amadurecer. As larvas se alimentam da polpa e causam seu apodrecimento. Dessa forma, os frutos ficam impróprios para o consumo, o comércio in natura e até mesmo para o processamento em agroindústria.
Após completar seu desenvolvimento, a larva migra para o solo e se enterra entre 5 a 7 cm de profundidade para a pupação. A duração do período ovo-adulto varia de 18 a 25 dias na região do vale do São Francisco. Em videira, apenas uma fêmea é capaz de depositar ovos em mais de 200 bagas. Este é um aspecto da agressividade da praga.
Beatriz Jordão explica que o atual nível de infestação ameaça seriamente a economia no submédio do vale do São Francisco com a diminuição das colheitas, a elevação dos custos com agrotóxicos, excesso de resíduos nos frutos e, principalmente, com barreiras para a exportação.
As medidas de controle podem ser de natureza cultural, química e biológica. As culturais devem ser constantes e as demais precedidas de monitoramento, o que definirá a necessidade de sua aplicação.