O principal sistema de monitoramento de tubarões na costa do Recife estava inoperante havia sete meses, por problemas orçamentários, quando a jovem paulista Bruna Gobbi morreu após ser atacada na manhã desta segunda-feira (22). A informação é do especialista Fabio Hazin, um dos fundadores do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit). Desde 2004, um programa do órgão captura e remove tubarões do litoral do Recife. Mais de 80 animais de espécies consideradas “agressivas” foram capturados nos últimos oito anos e a redução do número de ataques foi de 90%, segundo o pesquisador. Vinte ataques foram registrados nesse período, sendo apenas três nos tempo em que o sistema operava. Os outros 17 ataques ocorreram fora da área de monitoramento ou em períodos em que o programa foi suspenso por falta de recursos. “É o programa de monitoramento de tubarões mais eficiente do mundo”, disse Hazin nesta quarta (24). “A primeira reação do tubarão, quando é solto, é se afastar da costa”, completou, ao citar dados obtidos por meio de marcadores via satélite colocados nos animais. O projeto Protuba é gerenciado pelo Instituto Oceanário com recursos da Secretaria de Defesa Social (SDS) do Recife. Segundo o governo estadual, o dinheiro foi depositado nesta terça (23) e o atraso no repasse ocorreu por “questões administrativas”. O secretário de Comunicação do governo, Evaldo Costa, foi irônico ao questionar a possibilidade de haver relação entre a suspensão do projeto e o ataque à turista. “Parece até que os pesquisadores treinam os tubarões para conseguir recursos. É muito curioso isso, muito estranho”, declarou. Os ataques de tubarões no litoral de Pernambuco começaram a ocorrer há cerca de 20 anos. Segundo Hazin, de 1992 até julho de 2013 foram registrados 59 ataques, que resultaram em 24 mortes.
(BN)