O modelo de capitanias hereditárias adotado no Brasil, no período de colonização, instaurou a outorga do modelo de concentração e expropriação da atividade produtiva especialmente no nordeste brasileiro.
Deste corolário emergiram formas rudimentares e arcaicas de desenvolvimento que ao longo dos séculos permaneceu, senão intocada, pouco evoluída com o passar dos anos. O modelo escravagista brasileiro, onde o negro e o índio desprestigiado e desassistido logo após a abolição da escravatura, a partir da lei áurea, e a subsequente imigração de estrangeiros constituíram grandes conglomerados de pobreza e situação de extrema precariedade. O negro especialmente, abandonado e isolado da sociedade, totalmente em situação de miséria extrema, viu-se em uma situação de servidão imposta voluntariamente.
Não houve politicas públicas de correção e nem tampouco de realinhamento da cadeia produtiva local, estando esta ainda subordinada aos grandes latifúndios em sua maioria improdutivos e a ineficiente e precária agricultura de subsistência.
O subdesenvolvimento desta região possui uma relação direta, com o sistema de gestão implantado sob a tutela da coroa portuguesa, onde segregou e monopolizou todo o território brasileiro, sobre a forma de capitanias, daí parte as suas raízes de miséria e precariedade da população residente.
Deste modelo de segregação sócio espacial, a questão climática agrava e aprofunda as distorções no semiárido nordestino, onde grande numero de famílias sobrevivem da agricultura de subsistência e neste caso necessita de condições climáticas adequadas para conseguir produzir uma escala suficiente para a sobrevivência ao longo do ano.
As causas desta distorção, como já referido, remetem ao modelo de exploração implantado pela coroa portuguesa, e os resultados visíveis é miséria em demasia e em algumas áreas pauperismo absoluto, retratada por ineficiência e inexistência concisa de politicas compensatória satisfatória, para ao longo dos anos tornar as regiões brasileiras mais equinâme.
O Nordeste é apontado ora como área das secas, que desde a época colonial faz convergir para a região, no momento da crise, as atenções e as verbas dos governos; ora como área de grandes canaviais que enriquecem meia dúzia em detrimento da maioria da população; ora como área essencialmente subdesenvolvida devido a baixa renda per capita dos seus habitantes (ANDRADE, 1988, p 36).
Tal tese, vinculada às questões de natureza climática tem sido sustentada para explicar os baixos níveis de desenvolvimento da região e as condições de precarização e pobreza que acompanha sua história, entretanto tem se mostrado frágil, principalmente, quando analisado seu processo de formação alicerçada pala investigação da atuação do capital agrário mercantil que se instaurou durante período colonial controlando as principais formas de atividades econômicas e sociais capazes de gerar renda monetária na região.
Uma análise realista para a problemática do semiárido nordestino, essencialmente, deve conter os elementos do seu passado colonial, ou seja, a composição de forças vinculadas ao controle da posse da terra, aos domínios das principais atividades econômicas são condicionantes essências para uma formulação crítica coerente com as questões relativas do semiárido nordestino.
A partir do momento, em que o trabalhador não possui as ferramentas adequadas para produzir a sua subsistência, sejam elas maquinários e/ou terra, encontra-se neste instante o eixo central da miséria e a mola propulsora de desigualdade e marginalização da classe operária, que desarticulada financeiramente não encontra outra opção senão a servidão voluntária, aceitando condições de precariedade forçada como via única de sobrevivência humana.
O alvo móvel da atuação do capital no espaço do semiárido tem rebatimentos de formação históricos, principalmente, quando investigado a luz dos acontecimentos do período colonial. Instaurou-se na região um modelo de relações centradas na lógica do capital agrário mercantil que se desenvolveu sob a captura de muitas terras e plena utilização do trabalho escravo. A região do semiárido formou-se agregando atividades das pecuárias extensivas, criação de gado, e uma agricultura de subsistência que produzia suprimentos e diversas reservas alimentares para abastecer outros núcleos regionais.
Este conjunto de relação agraria brasileira ao longo dos séculos permaneceu inalterado, transformado a sociedade sertaneja em dois núcleos e polos bastante distintos, enquanto um apropria-se de toda a propriedade agraria, a outra marginalizada, vê-se sem condições de enfrentar esse modelo latifundiário instaurado com o modelo colonial, e quando não se obriga a vender-se por qualquer preço, “foge” para outras localidades em busca de melhores condições de vida, tornando-as ainda assim reféns do sistema, por baixa especialização.
Leonardo cordeiro