A inadimplência no comércio no mês de julho desacelerou pela quarta vez consecutiva e registrou a primeira queda do ano: uma variação de -1,94% em relação a julho do ano passado. Esse é o menor patamar registrado pelo indicador mensal do SPC Brasil, desde o início do registro da nova série histórica da entidade, calculada a partir de janeiro de 2012. O cálculo leva em consideração mais de 150 milhões de consumidores cadastrados em 800 mil pontos de vendas espalhados pelo país.
Se por um lado a inflação acima do centro da meta e a alta dos juros forçaram o brasileiro a consumir menos e de maneira consciente, por outro, estes fatores também aumentaram o custo de vida do consumidor, fazendo com que o movimento no comércio apresentasse uma retração. O resultado foi a desaceleração das vendas a prazo no varejo, que cresceram apenas +0,82% em julho frente ao mesmo período do ano passado. Esse é o segundo pior resultado desde janeiro de 2012, perdendo somente para o mês de junho deste ano, quando as vendas variaram +0,67%.
Na avaliação do presidente da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), Roque Pellizzaro Junior, os números de julho atestam um forte ritmo de desaceleração no comércio brasileiro. “O varejo este ano não conta com fatores macroeconômicos que ajudaram a aquecer o setor no passado, como os altos índices de crescimento de empregabilidade e a larga oferta de crédito com pessoas aptas a consumi-lo”, explica Pellizzaro Junior.
No acumulado do ano — de janeiro a julho de 2013, frente ao mesmo período em 2012 — as vendas registraram crescimento de +5,51%. “Este resultado está próximo do que prevemos para 2013. O varejo deve fechar o ano crescendo em torno de 5%, já descontada a inflação. É menor do que o resultado apresentado no ano passado, mas o suficiente para apresentar, mais uma vez, um desempenho melhor do que o PIB nacional”, concluiu.
Efeito calendário
Na comparação mensal, julho frente a junho deste ano, a inadimplência cresceu +0,73%. Já as vendas registradas no mesmo período tiveram alta de +1,21%. “O resultado de vendas na relação mensal reflete o chamado efeito calendário: julho tem três dias úteis a mais do que o mês de junho, o que beneficia o movimento das lojas, principalmente em shoppings e no comércio de rua”, explica Pellizzaro Junior.
Além disso, segundo Pellizzaro Junior, a onda de manifestações e a Copa das Confederações no mês passado também contribuíram para fazer com que junho se tornasse uma base fraca de comparação mensal. “Os protestos fizeram com que o comércio fechasse as portas mais cedo. Já a Copa das Confederações teve sua influência sentida pelos lojistas por causa dos feriados decretados nas cidades-sede que receberam jogos”, afirma.
Metodologia
O indicador mensal é extraído do banco de dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e divulgado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). A base de dados é formada por mais de 150 milhões de consumidores cadastrados em 800 mil pontos de vendas espalhados por todo Brasil.
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