O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta sexta-feira (16) que a taxa de câmbio passa por um momento de volatilidade em razão das expectativas em torno da redução de estímulos do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) e que o patamar atual do dólar em relação ao real não é definitivo.
“Este câmbio não é definitivo”, disse Mantega em entrevista, após participar de encontro com líderes empresariais na sede da CNI (Confederação nacional da Indústria), em São Paulo. “Pode subir mais um pouquinho, cair mais um pouquinho, ficar onde está, não sei dizer, mas o governo age no sentido de impedir que haja uma excessiva volatilidade”, completou.
O dólar operava em alta nesta sexta-feira, voltando a rondar o patamar de R$ 2,36, com o mercado à espera dos leilões do Banco Central para rolar contratos de swap cambial que vencem em setembro.
Mantega admitiu, entretanto, que o câmbio “mudou de patamar” em razão das expectativas de que a política monetária nos Estados Unidos pode mudar e também por causa da balança comercial, que passou vem registrando quedas de superávit.
O ministro não falou sobre patamares desejáveis, mas disse que não acredita que o dólar chegará ao final do ano cotado a R$ 2,70, como estima setores do mercado. “Não acredito nos patamares elevados que estão sendo mencionados”, disse. “Onde o câmbio vai ficar não sei dizer. Ele vai continuar tendo alguma volatilidade. Eu espero que em breve o Fed deixe mais claro os passos que irá dar de modo que essa volatilidade diminia e o cambio se estabeleça em algum patamar”, acrescentou.
Mantega avaliou, entretanto, que a curto e médio prazo a tendência é de desvalorização do real e de outras moedas de países emergentes ante ao dólar, diante da desaceleração da economia chinesa e queda do preço das commodities.
O ministro destacou que o “novo câmbio” tem representado um estímulo para o aumento da competitividade da indústria brasileira, mas não mensurou qual seria o patamar confortável.
“Não sei se vai permanecer sequer este câmbio porque estamos num momento de volatilidade. Enquanto o Fed não deixa muito claro aquilo que vai fazer em relação aos estímulos monetários, o mercado vai especulando, vai, digamos, mudando de posições”, disse, avaliando que a elevação das taxas de juros nos Estados Unidos ainda não deverá ocorrer em 2013. A previsão de Mantega é que isso ocorra “em 2014 ou mais”.
Mantega acrescentou que o governo tem “muitas armas” para enfrentar a volatilidade cambial como reservas elevadas e intervenções de swap (que equivalem a uma venda da moeda no mercado futuro) do Banco Central.