Mais uma guerra no estrangeiro – era tudo que o Banco Central do Brasil não precisava. Como se não bastasse a “guerra” local contra a inflação, o baixo crescimento, a queda da confiança, a alta do dólar, os efeitos da política econômica dos EUA, os estragos da desaceleração da China, ufa!
O governo americano está em alerta máximo para atacar a Síria por causa do suposto uso de armas químicas contra um povoado do país. O prenúncio provocou agito total nos mercados internacionais. Em momentos assim, os ativos mais seguros ganham, e todo resto perde. Petróleo e ouro estão em alta, assim como os preços (e não os juros, como informado anteriormente) dos títulos americanos.
O dólar dispara e nem dá bola para o canhão de moedas que o BC está jogando no mercado de câmbio brasileiro. Para arrematar a barafunda, o preço da soja e do milho está em alta no mercado internacional por causa da seca nos EUA. O Brasil já viu o que acontece quando há um desabastecimento de grãos provocado pelos problemas com as grandes safras do mundo – em 2012, a inflação aqui sofreu um belo choque, para cima. Sem falar que uma alta do petróleo lá fora pode acelerar e intensificar um reajuste dos combustíveis aqui dentro.
No meio dessa confusão está o Copom, que começa hoje (27) a sexta reunião do ano. O dilema dos diretores do BC está entre qual batalha ele vai enfrentar primeiro: contra inflação ou contra os efeitos de tudo que está acontecendo lá fora e pode gerar mais instabilidade e enfraquecimento da economia que já anda devagar?
O mercado espera uma alta de 0,50 ponto percentual, levando os juros para 9% ao ano como uma dose inevitável para combater a alta dos preços que já está contabilizada com os riscos conhecidos. Mas diante do cenário atual, o balanço de riscos para inflação certamente mudará de perfil. Até conhecer a cara desse “bicho novo”, a instabilidade e a volatilidade deverão permanecer.
por Thais Herédia