A Assembleia Legislativa realizou na tarde de ontem sessão especial para conceder o Título de Cidadão Benemérito da Liberdade e da Justiça Social João Mangabeira ao professor e jurista Taurino Araújo. A homenagem, proposta pelo deputado Roberto Carlos (PDT), foi prestigiada por parentes e amigos de Taurino, representantes de entidades ligadas ao direito, autoridades civis e militares.
Presidente dos trabalhos, Roberto Carlos promoveu a composição da mesa, fez o homenageado adentrar o recinto e pediu que todos fizessem reverência na hora da execução do Hino Nacional. “Esta tarde é destinada pelos baianos para conceder o título a Taurino, tantas vezes comparado a vultos do passado e do presente, por combinar romantismo, força e eloquência na circulação das informações importantes”, definiu o parlamentar em seu discurso de saudação.
Em um pronunciamento repleto de citações, que foram de Gladstone a Jacques Lacan, o pedetista ressaltou a contribuição de Taurino, “como um advogado e professor brasileiro dos raros estudiosos do direito moderno, além de cultor da língua portuguesa e da filosofia”. Para o parlamentar, o mestre de diversas instituições de ensino em Salvador, “emprestou finalidade pública ao múnus privado, de modo eloquente”.
“De forma meritocrática, a honraria insere Taurino Arajújo num rol pequeno, digno de registro biográfico e selecionado: Waldir Pires, Fernando Sant’Anna, Haroldo Lima, João Cavalcante, Carlos Alberto Dultra Cintra”, exemplificou Roberto Carlos.
Nascido em Jequié, em 1968, o jurista mudou-se para Salvador logo após a formatura pela Uesc. Desde então, atua na área de direitos humanos, sendo inclusive nomeado defensor dativo pelas Justiça estadual e federal, tendo atuado também nos tribunais superiores, em Brasília.
Roberto Carlos lembrou que Taurino Araújo ganhou notoriedade após a sentença de um juiz que o agravou acusando sua petição de ser “totalmente avessa ao bom direito”, restringindo-se a “reproduzir argumentos trazidos em outro processo”. O caso foi denunciado pela OAB, que, em abril de 2008, realizou sessão solene de desagravo, na qual, Taurino fez pronunciamento cuja retórica “foi bem recebida pelas comunidades jurídica e acadêmica, levando-se em conta conteúdo e leveza de expressão”.
Antes da condecoração, o protocolo foi quebrado pelo presidente, que concedeu a palavra à filha do homenageado, Ximena, e a Flávia Fontes, amiga da família, que fizeram saudação especial. A esposa, Soraya, e os filhos Isaac, Gabriel e Ximena, foram convidados para a entrega do título.
AGRADECIMENTO
“A grandeza da honraria, conferida a apenas cinco pessoas ao longo de exatas duas décadas, impõe que não subestime a sua importância e até descreva, em linhas gerais, o longo caminho das pedras para que chegasse até aqui, principalmente, por ser de alguma importância para meus alunos”, disse Taurino ao agradecer.
O homenageado aproveitou o apagão que atingiu parte da Região Nordeste para consubstanciar seu pronunciamento, ainda mais repleto de citações: “Quando falta luz, literalmente, é necessário polarizar de novo o negativo e positivo, reaparecendo, ainda assim, a liberdade.”
A mesa dos trabalhos foi composta pela secretária-geral da OAB, Ilana Campos; a secretária-geral do Instituto de Advogados da Bahia, Geovana de Aguiar; o presidente da CBPM, Hari Alexandre Brust, o coronel da VI Região Militar, Luís Garcia; Agenor Sampaio Neto, da Uefs; Jair Cunha Costa, grão-mestre da Loja Maçônica da Bahia; Rosvilson Góes, da Anfip, e o vice-prefeito de Ubatã, terra em que Taurino passou parte de sua vida, Wesley Faustino.
Fonte: Diário Oficial do Estado