Divulgar a tradição da pesca artesanal no rio São Francisco e os produtos dela oriundos, além de fortalecer os processos de comercialização, são alguns dos objetivos do I Festival Gastronômico de Peixe de Remanso, no norte baiano, evento que tem o apoio da Companhia de Desenvolvimento do Rio São Francisco (Codevasf).
O festival acontecerá nos próximos dias 8 e 9 de outubro, na Praça Municipal Manoel Firmo Ribeiro, com a participação da Associação dos Pescadores e Pescadoras de Remanso (APPR) e de representantes de todos os municípios do Território do Sertão do Francisco.
O engenheiro de Pesca da Superintendência Regional da Codevasf em Juazeiro (BA), Luciano Rocha, explica que a Companhia estará presente no festival com capacitações e participação em mesas redondas. “A APPR conta com o incentivo da Codevasf desde 2011 ─ ano em que promovemos uma capacitação em produtos beneficiados de pescado para inserção na merenda escolar municipal com aproveitamento dos resíduos, e doamos para a associação um fogão semi-industrial e uma seladora”, disse o engenheiro de pesca da Codevasf. “Esse material otimizou a confecção dos produtos e gerou economia de gás nos cozimentos”, disse.
A APPR é uma associação composta, em sua maioria, por mulheres pescadoras ou esposas de pescadores que enxergaram no processamento de peixe uma alternativa de geração de renda e trabalho. Desde 2008, a associação vem trabalhando com o beneficiamento de pescado, produzindo filés e sardinha caseira. “Após o curso promovido pela Codevasf, elas passaram a aproveitar os resíduos gerados pela produção de filés, na forma de bolinhos, hamburgueres, linguiça e outros produtos. Com esse aproveitamento, elas não só ampliaram a quantidade de produtos ofertados, como conseguiram introduzí-los na merenda escolar do município e ainda utilizar a matéria prima que era desprezada, gerando uma renda extra de cerca de R$ 3 mil a mais na receita do grupo”, informou.
Hoje a associação conta com quase duzentos associados ─ sendo 80% mulheres ─, e chega a produzir por mês oito mil empadas, quatro mil peixes in natura, 300 quilos de sardinha caseira e quase mil quilos de file de peixe, como conta a tesoureira da APPR, Eliete Cunha Damião. De acordo com ela, a associação fornece empadas de peixe para o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), consumidas nas merendas escolares de escolas públicas, e peixe in natura para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que entrega para centros sociais, creches, associações de bairro, igrejas e centros comunitários. “Além de ampliar nossa renda, a associação ajuda muita gente carente”, destaca a tesoureira.
Promoção da pesca artesanal
Com o festival, além da exposição dos produtos, a expectativa é principalmente ver a pesca artesanal reconhecida e valorizada pela população, conforme disse a secretária da APPR, Lucilia Freitas Nascimento. “A pesca artesanal está perdendo espaço para os grandes empreendimentos; precisamos valorizar o trabalho de nossos antepassados e nossa tradição”, enfatizou. Segundo ela, a jornada começa cedo, geralmente às quatro da manhã, e muitas vezes precisam ficar no rancho onde pescam por oito a dez dias até ter peixe suficiente.
O engenheiro de pesca Luciano Rocha informou ainda que a pesca artesanal caracteriza-se muitas vezes como a principal fonte de renda nas cidades ribeirinhas do rio São Francisco. “Essa ação da APPR vem colaborar para a divulgação do pescado e seus produtos, bem como estimular o consumo de peixe no município e região, promovendo a inclusão social dessas mulheres que fazem parte da associação e ofertando proteína animal oriunda de pescado de uma forma bem diversificada”, frisou ele.