O cantor Roberto Carlos, que já tirou de circulação obras sobre sua vida, conseguiu um apoio de peso. Os músicos Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Djavan e Erasmo Carlos agora estão do seu lado contra o comércio de biografias não autorizadas. Os artistas criaram o grupo Procure Saber, que, segundo a produtora Paula Lavigne, presidente e porta-voz do grupo, deve entrar na disputa para manter a exigência de autorização prévia antes da venda dos livros. Em posição contrária, a Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel) move no Supremo Tribunal Federal uma Ação Direta de Inconstitucionalidade em que questiona os dois artigos do Código Civil que impedem a publicação sem a anuência prévia dos biografados ou de seus herdeiros. Segundo a Anel, as normas atuais violam a liberdade de expressão e o direito à informação. Lavigne contesta: “usar esse argumento para comercializar a vida alheia é pura retórica”, disse. Ela ressalta que o Procure Saber é contrário à comercialização, e não à publicação, das biografias. “Se alguém quiser escrever uma biografia e publicá-la na internet sem cobrar, tudo bem. O problema é lucrar com isso”, completou. Em setembro passado na Bienal do Rio, um manifesto assinado por autores como Boris Fausto e Ruy Castro diz que a proibição às biografias não autorizadas é um “monopólio da história, típico de regimes totalitários”. “Biógrafos e jornalistas têm o dever de contar a história do país e de suas personalidades públicas, inclusive expondo suas contradições. Os artistas estão defendendo algo obscurantista, a biografia chapa-branca”, afirmou Lira Neto, autor de livros sobre a vida de Getúlio Vargas.”Muitas obras usam jornais como fonte. Ninguém pede para ler antes o que é publicado em jornais, porque isso é visto como utilidade pública”, afirma Sônia Jardim, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros. Informações da Folha.
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