O emissário internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, exigiu neste domingo (20) a presença de uma oposição “crível” para a realização da conferência internacional de paz de Genebra, no dia 23 de novembro, que tem por objetivo reunir governo e insurgentes para negociar uma solução.
Brahimi, enviado especial da ONU e da Liga Árabe, reuniu-se neste domingo no Cairo com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi.
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Arabi afirmou depois da reunião que a conferência internacional de paz, chamada de Genebra-2, será realizada no dia 23 de novembro, confirmando o que tinha sido anunciado pelo governo sírio há alguns dias.
O emissário afirmou que o principal desafio será levar para esta reunião a oposição síria, muito dividida sobre a conveniência de sentar-se à mesma mesa para dialogar com o regime, quando no terreno seguem os bombardeios e os combates.
Neste domingo, pelo menos 31 pessoas, entre elas vários soldados, morreram na cidade de Hama quando um suicida detonou um caminhão cheio de explosivos em um posto militar.
A reunião, disse o diplomata argelino, ‘não será realizada sem uma oposição crível, que represente uma parte importante do povo sírio que se opõe’ ao governo de Bashar al-Assad.
A coalizão opositora deve decidir na próxima semana em Istambul se participa da conferência Genebra-2.
O Conselho Nacional Sírio (CNS), seu principal integrante, adiantou há uma semana que não vai negociar com o regime na cidade suíça.
Brahimi acrescentou que viajará agora ao Catar e à Turquia, dois países que apoiam a oposição, e também à Síria, embora o governo tenha imposto como condição que ele seja ‘imparcial’, segundo informou neste domingo o jornal do governo Al-Watan.
Depois ele viajará ao Irã, principal aliado do regime de Damasco, e, por fim, a Genebra, onde se reunirá com representantes dos governos russo e americano, que promovem a conferência de paz.
A realização deste encontro, anunciada semanas atrás, foi adiada em várias ocasiões, devido aos desacordos sobre quem deve participar e quais devem ser os objetivos.
O regime descartou a saída antecipada do presidente Bashar al-Assad. Mas a oposição no exílio insiste que a transição deve ser realizada sem ele.
A promoção da conferência de Genebra também será um ponto importante na agenda do secretário de Estado americano, John Kerry.
O secretário participa de um encontro dos Amigos da Síria na terça, em Londres, no qual estarão representantes da oposição e ministros de onze países ocidentais e árabes.
O apoio a Genebra-2 se intensificou depois de Damasco ter aceitado em setembro um acordo que estabelecia a entrega do arsenal químico sírio e sua destruição.
Já a Arábia Saudita viu na gestão do conflito sírio por parte do Conselho de Segurança da ONU um sinal de ‘impotência’, e, alegando isso, negou-se a ocupar um assento temporário no organismo a partir de 1º de janeiro.
Nabil al-Arabi manifestou neste domingo seu apoio a Riad, enquanto outros países árabes estão pedindo à poderosa monarquia que reconsidere sua decisão.
Atentado suicida em Hama Na frente de batalha, pelo menos 31 pessoas morreram neste domingo em um atentado suicida contra um posto militar na cidade de Hama, no centro do país.
‘Pelo menos 31 pessoas, entre elas soldados do regime, morreram quando um homem detonou um caminhão carregado de explosivos em um posto, perto de uma empresa de veículos agrícolas, na estrada entre Hama e Salamiyeh’, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
No leste do país, perto da cidade de Deir Ezzor, os combates se intensificaram na manhã deste domingo. Alguns ativistas da União de Coordenadores da Revolução Síria denunciaram quatro ataques aéreos em zonas controladas pelos rebeldes na capital provincial.
No norte, a força aérea do regime atacou insurgentes que tentavam tomar a prisão principal de Aleppo, controlada pelo governo.