Pelo menos 15 pessoas foram detidas por policiais militares durante desocupação do prédio do antigo Museu do Índio, no Complexo Maracanã, na Zona Norte do Rio. O grupo foi levado em um ônibus da Polícia Militar, por volta das 9h40 desta segunda-feira (16), para a 18ª DP (Praça da Bandeira). Os agentes desocuparam o imóvel após o grupo invadir um prédio vizinho em obras no domingo (15).
Pouco antes das 10h, a PM liberou a Radial Oeste que ficou fechada por cerca de três horas — por segurança, segundo a polícia — no sentido Centro. O trânsito ficou muito ruim na região até que a via fosse liberada.
Às 10h30, bombeiros chegaram ao local para tentar retirar um índio que subiu em uma árvore. Índio exige a presença de um delegado da Polícia Federal e de um advogado. O delegado Fábio Barucke, titular da 18ª DP, estava no local para tentar negociar.
Tensão
Cerca de 150 agentes do Batalhão de Choque (BPChq), com apoio do 4º BPM (São Cristóvão), fizeram um cerco na área. Houve momentos de tensão e policiais chegaram a utilizar gás de pimenta em um princípio de confusão.
Em nota, o governo do estado reafirmou que o antigo Museu do Índio não será derrubado para obras da Copa do Mundo, mas reformado, dando espaço ao Centro de Referência das Culturas Indígenas. (Leia a íntegra da nota no final desta reportagem).
Homem é levado à delegacia
Os ativistas começaram a ser retirados por volta das 8h30. Um deles foi foi levado para a delegacia para averiguação. Segundo João Castro, fiscal do Consórcio Maracanã, o grupo que ocupou o prédio do Laboratório Nacional de Agronomia no fim de semana teria roubado material de escritório e computadores do prédio. O detido, que não teve a identidade revelada, estava com documentos do consórcio que teriam sido roubados. “Isso é roubo. Você não tem ideia de como eu encontrei tudo lá. Levaram tudo. Computador, cafeteira, documentos do governo”, disse Castro.
Segundo o Centro de Operações, o trânsito era desviado para a Rua São Francisco Xavier e apresentava retenções às 7h15. Os reflexos chegavam às avenidas Marechal Rondom e Professor Manuel de Abreu e à própria São Francisco Xavier. A alternativa para os motoristas foi utilizar a Avenida Visconde de Niterói, na Mangueira.
“Isso aqui é mais uma arbitrariedade do governador Sérgio Cabral. Esse espaço é legítimo nosso. Temos uma audiência agora à tarde na esfera federal, mas eles querem nos tirar daqui a qualquer preço. Isso daí é por conta da Copa. Eles estão destruindo isso aqui sei lá pra quem. Tem crianças e mulheres grávidas aí dentro. Eles não estão interessados na cultura indígena. E não somos só nós que estamos sofrendo com isso. Olha quantas comunidades estão sendo removidas”, afirmou Mônica Lima, da etnia Aruaque, da Amazônia, na saída do local.
O prédio invadido na madrugada de domingo já abrigou o antigo Laboratório Nacional Agropecuário do Ministério da Agricultura. Segundo manifestantes no local, a área faz parte do terreno do Museu do Índio e foi invadida depois que uma demolição teria começado na quinta-feira (12).
Em nota enviada no domingo, o governo do estado afirma que no prédio funcionava o escritório da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop) e que não houve demolição, apenas retirada de parte do telhado, pois a estrutura estava comprometida após as chuvas da última semana.
Em relação à área a ser demolida, o governo afirma que o espaço foi adquirido do Ministério da Agricultura e será incorporado ao Complexo do Maracanã. O terreno será necessário para a operação de montagem do estádio para a Copa do Mundo. Após o evento, está prevista no local a construção do novo museu do futebol do Maracanã. A demolição será realizada pela Concessionária do Maracanã, com autorização do estado.
Íntegra da nota do governo do estado:
O antigo Museu do Índio não será derrubado. Ele será transformado em um Centro de Referencia das Culturas Indígenas.
O prédio em que houve ontem , domingo, 15-12, uma invasão foi um dos 4 prédios que foram comprados do antigo Ministério da Agricultura pelo Governo do Estado RJ. Ali, é o local previsto para serem construídas as estruturas temporárias (overlay) do Estádio do Maracanã para a Copa do Mundo.
A demolição desta área, que era do Ministério da Agricultura, será realizada pela Concessionária do Maracanã, com autorização do Estado. Depois da Copa, esta área onde ficará a estrutura provisória para a Copa será utilizada para a construção do Museu do Futebol, previsto para ficar pronto para as Olimpíadas.
G1