O ex-jogador do São Paulo e da seleção Raí, 48, declarou nesta quarta-feira ter apoiado as manifestações ocorridas em junho do ano passado, simultâneas à Copa das Confederações, e afirmou torcer para que novos protestos aconteçam durante o Mundial.
O camisa 10 do Brasil na conquista da Copa-1994 participou nesta quarta-feira de uma sabatina no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, e foi o primeiro de uma série de convidados da Folha que, ao longo do semestre, irão discutir sobre os impactos da Copa do Mundo de 2014 no país
Segundo Raí, as manifestações populares serviram para fazer com que o exterior olhe de uma forma diferente para o Brasil e serão um dos pontos positivos do Mundial.
“Torço para que elas [manifestações] voltem. Vejo tudo isso como um legado indireto da Copa do Mundo. Eles estão expondo coisas nossas que não são legais, como a falta de planejamento, a violência, que são constrangedoras, mas isso é bom. O mundo não conhecia esse nosso lado. Falei para L’Équipe [jornal francês] que o brasileiro não vai gritar só gol. Ele vai aproveitar os holofotes para colocar seus fantasmas para fora. É um risco maior do que a Fifa gostaria de ter, mas vejo como algo positivo.”
O ex-jogador também falou que gostaria muito de participar das novas manifestações, mas não como uma figura pública, afinal os protestos nasceram no povo, sem pessoas conhecidas, e devem continuar assim.
Seu irmão Sócrates, ex-jogador do Corinthians e já morto, participou ativamente da campanha pelas Direta Já, na primeira metade dos anos 1980, e chegou a subir nos palanques nos comícios pela restauração da democracia no Brasil.
O Bom Senso também entrou na lista dos assuntos discutidos por Raí. O ex-meia parabenizou os jogadores atuais pelo movimento e disse ter certeza que eles conseguirão mudar o calendário do futebol brasileiro e outras reivindicações que podem abalar a estrutura vigente.
“É inédito um movimento que consiga reunir mais de mil atletas. É um fenômeno político-social. Aonde vai chegar, aí é outra história. Mas vai chegar mais longe, vai conseguir mudar o calendário, vai fazer um candidato da CBF defender suas causas. È um ganho enorme. Espero que daí saia um movimento que transforme o sistema a médio prazo.”
Folha de S. Paulo