Um protesto inusitado, ontem, conseguiu um efeito raro no Porto da Barra: uma praia exclusiva para os banhistas, sem o amontoado de barracas de praia e sem a propaganda insistente para aluguel de cadeiras. A saída dos barraqueiros não foi nenhuma ação de ordenamento da prefeitura. Foi um protesto contra a proibição pela cobrança do uso de cadeiras e sombreiros dos kits praia, já distribuídos para alguns dos licenciados.
As imagens são de uma praia quase paradisíaca, diferente da poluição visual corriqueira naquela faixa estreita de areia, que ontem parecia ter ficado maior. Os poucos barraqueiros que foram ao local de trabalho chegaram a hostilizar um vendedor de picolé que tentou comercializar algo na praia. “Hoje é para deixar todo mundo com sede”, gritou um dos barraqueiros.
Enquanto a praia estava vazia, representantes dos barraqueiros e ambulantes, da Defensoria Pública, Delegacia de Defesa do Consumidor, Casa Civil do Município e Coordenadoria de Defesa do Consumidor (Codecon) se reuniram na sede da Superintendência de Proteção do Consumidor (Procon), na rua Carlos Gomes, e firmaram um acordo permitindo a cobrança pelo uso das cadeiras e sombreiros nas praias de Salvador.
Pelo acerto, um kit praia (duas cadeiras, uma banqueta e um sombreiro) custará R$ 10 para o banhista, ou R$ 2,50 por peça, caso haja interesse do aluguel de itens separados. Os valores independem do período que o banhista permaneça com o equipamento e valem para toda a orla da cidade.
Os barraqueiros, por sua vez, se comprometeram a cumprir uma determinação da portaria publicada em dezembro de só colocar o equipamento na areia (qualquer que seja a peça) após o pedido do cliente. Antes disso, é preciso manter tudo fechado.
Serviço
Portanto, é possível que a cena da praia sem poluição visual se repita. O mecânico Daniel Freitas, 31 anos, frequenta a praia uma vez por semana e se surpreendeu ontem de manhã. “Cheguei aqui e só tinha areia. Quando os barraqueiros estão aqui é uma muvuca. Sábado e domingo fica parecendo um palco de guerra, porque não tem espaço e eles acabam brigando entre si. Hoje (ontem) foi muito tranquilo, sem tumulto”, comentou.
Mas, ponderou: “O ruim foi ficar sem sombreiro, no sol forte”. A estudante Raniele Teixeira também se incomodou de ter que subir para pegar bebida, ontem. “Acho errado não cobrar. Só que alguns cobram muito além. Se for um preço razoável, vai ser mais equilibrado. Eles ficam felizes e a gente também”, analisou.
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