Células de pacientes com câncer podem “aprender” a destruir alguns tipos de tumores. Um estudo norte-americano divulgado nesta quarta-feira (19) pela publicação científica Science Translational Medicine, reforça o potencial da técnica, chamada imunoterapia, no combate a alguns tipos de tumores sanguíneos. Das 16 pessoas que foram submetidas ao procedimento durante o estudo, 14 apresentaram remissão da doença (quando não há sinais de atividade do tumor) sem o auxílio de outros tratamentos, o que significa que a técnica obteve sucesso em 88% dos casos.
A imunoterapia é pesquisada por cientistas há várias décadas, com aplicação para outras doenças. A terapia, que em 2013 foi considerada o maior avanço do ano pela publicação Science, consiste em modular as células do sistema imunológico do próprio paciente para reconhecer e destruir células do câncer – no caso do estudo atual, o objetivo era atacar tecidos de um tipo de tumor sanguíneo chamado leucemia linfoblástica aguda (LLA). “Esse é um fenômeno que pode representar uma reviravolta paradigmática na forma como tratamos o câncer”, diz Renier Brentjens, coordenador do estudo.
A idade média dos voluntários tratados com a imunoterapia no estudo era de 50 anos. Eles receberam versões geneticamente modificadas de suas próprias células de defesa, que foram reprogramadas para atacar as células cancerígenas. No estudo, a remissão da doença mais duradoura foi de dois anos, conforme descreveram os cientistas. No ano passado, a equipe de Brentjens já havia divulgado os primeiros resultados promissores da aplicação da técnica, quando cinco pacientes adultos foram curados após o tratamento. Agora, os pesquisadores querem descobrir se o mecanismo da imunoterapia poderia ser eficaz contra outros tipos de tumores.


