Jailson Lima
Foram 20 dias intensos de muita arte para comemorar 10 anos de um festival, que já se consolidou como o maior acontecimento multicultural da região. A décima edição do Festival de Artes do Vale do São Francisco – Aldeia do Velho Chico, que começou no dia 28 do mês passado e movimentou Petrolina e vizinhança até a madrugada do último sábado (16), foi certamente um marco para o crescimento de todos nós: artistas, público, estudiosos, críticos e responsáveis pelas políticas públicas de cultura.
Crescemos enquanto diversidade, com a oferta de mais de 100 atividades artísticas, entre espetáculos teatrais, música, circo, dança, cinema, fotografia, gastronomia, artesanato e oficinas. Outra preocupação que transformamos em prazer foi a montagem estratégica das atrações, de maneira a proporcionar um diálogo com a cidade e entre as linguagens, além do intercâmbio que envolveu as companhias visitantes e os grupos locais. Evoluímos também como instrumento de fomento à formação e capacitação dos talentos regionais, proporcionando 16 atividades formativas, a exemplo de palestras, bate-papos, oficinas gratuitas para profissionais e também para alunos de escolas públicas.
Nestes dias de Festival, mobilizamos 1000 artistas e para nossa satisfação maior, superamos a expectativa inicial, atraindo um público de mais de 70 mil pessoas. Acontecendo em diversos polos, como o Sesc Petrolina, Bambuzinho, Porta do Rio, Espaço Janela 353, Cohab VI, Orla, Ilha do Massangano, bairros Antonio Cassimiro, Rio Corrente e povoados da Tapera, Serrote do Urubu e N3, o Aldeia do Velho Chico edição 2014 apresentou novidades surpreendentes, além do retorno de muitos artistas e grupos que marcaram as edições anteriores.
Dentre as boas novas, destacamos a inclusão da vizinha cidade de Lagoa Grande com a programação do Domingo do Lambedor, ampliando a força da cultura popular e os territórios do nosso Aldeia. A Cena Gastrô também foi muito bem recebida com a aprovação unânime dos pratos personalizados, de acordo com espetáculos da programação. E o projeto Um escritor na minha escola, que reuniu alunos e professores de escolas públicas com nomes representativos da literatura regional, a exemplo do contista Bruno Liberal e o poeta Virgilio Siqueira.
E nesse vai e vem de trocas e ganhos, lembramos ainda dos lançamentos de livros, recitais literários, intervenções, exposições, exibição de curtas metragens. Do cruzamento com projetos do Sesc Nacional, a exemplo do Palco Giratório, Sonora Brasil e TeatroSesc. A Décima edição do Aldeia do Velho Chico também será lembrada por uma palavra simples mas de grande profundidade: acessibilidade. Três espetáculos trouxeram à tona a discussão sobre os limites do corpo e o que é ser normal, e os bailarinos da Cia Gira Dança, de Natal – RN, nos emocionaram com uma grande questão: “a inclusão não existe, já somos incluídos. Precisamos apenas ser respeitados na nossa diferença. Afinal quem é igual ao outro?” A eles e aos 1000 artistas que estiveram envolvidos nesta edição, agradecemos muitíssimo. Àqueles que também estiveram conosco, nos ajudando na produção e na técnica, o nosso sincero obrigado. Agradecemos ainda à imprensa, aos parceiros todos e ao público que nos anima, motiva, envolve e impulsiona à reinvenção a cada edição. Superamos hoje as expectativas e vamos ampliar os olhares para fazer em 2015, uma Aldeia ainda mais envolvente e de muito mais possibilidades.
Jailson Lima é coordenador geral do Festival Aldeia do Velho Chico