Por Caio Alves
Cinema, hip hop, quadrilha, percussão, mostras culturais, bolo e muita festa. É o que terá hoje, às 18h, na Casa da Cultura do Núcleo de Arte e Educação Nego D’Água (Naend’a), no bairro do Kidé, em Juazeiro. Essa comemoração é pelo os 11 anos de atividade do Naend’a.
Para saber como funciona o instituto, o Diário da Região visitou a Casa da Cultura e o Ponto de Leitura Nego D’Água, e entrevistou o coordenador do espaço da Casa da Cultura, Júnior Barbosa.
Júnior é estudante do 5º período de ciências sociais da Univasf, e ele se considera um fruto do Naend’a. “Comecei aqui em 2008 fazendo oficina de teatro e de comunicação com o pessoal da Uneb, e depois fui ser voluntário, escrevia alguns releases, tirava foto para o nosso blog, cuidava um pouco dessa parte de comunicação”, explicou.
D.R.: Como surgiu a organização?
Júnior Barbosa: O Núcleo de Arte e Educação Nego D’Água (Naend’a) surgiu em 2001, através de uma formação sobre arte-educação que aconteceu aqui na cidade, promovida pela as ONGs CRIA, OAF, Bagunçaço, Casa das Filarmônicas e Circo Picolino, e contou com a participação de mais de mil crianças e adolescentes e teve a formação de mais de 30 arte-educadores. E muitas dessas pessoas que fizeram essa formação eram daqui do Kidé, elas acabaram se voltando para um espaço aqui do bairro, e começaram a dar diversas oficinas (circo, capoeira), com núcleos pequenos, ainda. Mas o projeto foi crescendo, pois a comunidade tinha uma demanda muito grande, antes não existiam todos esses projetos sociais do governo na área de educação, e isso era uma grande demanda aqui para a comunidade.
Em 2001, as pessoas se reuniam em outra sede, que era na Rua Dois daqui do bairro, e como foi tomando uma proporção maior, viemos para esse espaço que hoje é a sede do Naend’a, a Casa da Cultura, era um local abandonado na comunidade, então as pessoas fizeram mutirões para arrumar e começaram a ocupar para desenvolver as atividades.
Já temos mais de 12 anos, mas enquanto instituição registrada, temos 11 anos, que completamos no dia 15 de agosto.
Então, o Naend’a surgiu dessa necessidade de ter uma política voltada para a arte-educação aqui na cidade, principalmente voltada para a comunidade do Kidé, que é a comunidade onde ela tem a sua sede hoje.
D.R.: Os educadores do projeto são daqui do bairro?
Júnior: A maioria dos arte-educadores é daqui da comunidade. Mas tivemos contribuições de outros setores, jornalista, advogados, de pessoas que contribuíram de alguma forma para a instituição. É um trabalho contínuo de formação aqui dentro, e depois as pessoas buscam outros espaços fora daqui.
D.R.: Como a instituição se mantêm?
Júnior: A manutenção do projeto é através de doações e das inscrições que fazemos nos editais a nível municipal, estadual e federal. E através de organizações como bancos, o Criança Esperança e doações da comunidade.
Tivemos dois projetos no Criança Esperança. Mas todos esses projetos têm um prazo de um ano. Então submetemos o projeto aos editais que eles abrem. Então esse ano, não estamos com a parceria do Criança Esperança. Estamos com outro financiador, que é o Itaú Social.
D.R.: Quais as atividades desenvolvidas aqui no Naend’a?
Júnior: Já tivemos uma diversidade maior de oficinas. Já tivemos balé, dança popular, dança contemporânea. Mas hoje estamos com seis oficinas, circo, percussão, capoeira, teatro, filarmônica. Além do Ponto de Leitura, que é um ambiente paralelo à Casa de Cultura, mas os alunos frequentam os dois espaços, e temos ainda o Cine Nego D’Água, que é uma atividade que desenvolvemos com as escolas, e é voltada para esse público de criança e adolescente.
D.R.: Quem pode frequentar o Naend’a? E o que é preciso para participar das atividades?
Júnior: A maioria é criança e adolescente, de sete aos 16 anos. Mas alguns permanecem há mais tempo, gostam de estar aqui nesse espaço desenvolvendo as atividades que eles gostam de fazer.
E a nossa única cobrança é que todos eles estejam frequentando a escola, e se não estiver, aceitamos também. Mas procuramos a família para que esse menino e menina estejam frequentando a escola. Queremos que ele se desenvolva quanto artista e também como cidadão, e que ele ganhe outros tipos de conhecimento.
D.R.: Você tem uma média de quantas crianças estão participando atualmente do projeto?
Júnior: Temos uma média de 100 crianças participando. Mas já tivemos outros projetos, com quase 400 crianças. Mas por conta desse processo que o Brasil vem se modificando, através dos projetos sociais e governamentais, o número de crianças nas ONGs vem diminuindo.
Esse ano estamos mudando a dinâmica do nosso projeto. Estamos voltados para a formação artística, mesmo. Vamos aproveitar os grupos que foram mantidos desde o ano passado e produzir espetáculos, e vender a nossa arte. Só depender de editais para manter a ONG, não basta, e com esses grupos vamos tentar a nossa sustentabilidade. Temos que entender que a arte também é um bem de consumo, que pode ser vendida e apreciada. Então, esse ano estamos voltados para a formação e qualificação desses grupos.
D.R.: As apresentações dos espetáculos acontecem somente aqui?
Júnior: Não. Apresentamos aqui na comunidade e quando somos convidados a apresentar em outras instituições, em escolas, empresas privadas, e em outros grupos.
D.R.: Onde fica o Ponto de Leitura?
Júnior: O Ponto de Leitura ocupa um espaço onde antes era um posto policial. Ele foi desativado e transformamos em um local para abrigar alguns livros para a comunidade. Recebemos doações de livros, revistas, material didático para melhorar o nosso acervo.
D.R.: Como serão as comemorações desses 11 anos?
Júnior: A programação de aniversario será nessa sexta-feira (22) às 18h, com uma mostra de cinema, às 19h teremos a filarmônica e o circo, depois temos a apresentação do projeto, da equipe que estará trabalhando nesse projeto, e segue com as apresentações dos convidados, Norte BA Crew, a quadrilha daqui da comunidade, e todas as oficinas daqui estarão fazendo alguma mostra dos seus trabalhos. E para encerrar temos a participação da Banda Fogo no Munturo, que é de Petrolina, e encerramos com a nossa banda de percussão KidéFalaê, que é um grupo formado por meninos e meninas que já estão aqui há algum tempo. E vai ter bolo, festa, tudo que um aniversário de 11 anos precisa ter. (risos)
Confira a programação completa dos 11 anos do NAEND’A:
Abertura (cinema – mostra e curtas)
Lançamento do Projeto “Arte-educação Nego D’Água”
Mostras culturais da casa e convidados
Apresentação de vídeo institucional
Encerramento com o grupo de percussão KidéFalaê e Banda Fogo no Munturo
Mais informações sobre o projeto podem ser encontradas através do blog: www.naendacultura.blogspot.com.br. Ou pelo Facebook: Naenda Cultura. Tel.: (74) 3611-5847.