Apesar de terem saído fortalecidos das urnas, os principais partidos da base do governo de Jaques Wagner não têm grandes ambições de ampliar sua participação na máquina estatal. Pelo menos pretensões dessa natureza passam longe das declarações de quatro lideranças de siglas que integram o bloco governista. O vice-governador Otto Alencar, presidente do PSD na Bahia, já lembrou que a legenda é hoje a segunda maior do estado, com 72 prefeitos eleitos, detém a segunda maior bancada na Assembleia Legislativa e tem “bons quadros” à disposição do governador. Em ambos os casos o PSD perde apenas para o PT. O presidente estadual do PDT, Alexandre Brust é cauteloso ao falar sobre o assunto, mas admite que é “evidente que nossos companheiros anseiam por mais espaço”. Segundo ele, o PDT foi o partido da base que mais cresceu, ao lembrar que em 2008 a legenda elegeu oito prefeitos e este número saltou para 43 em 2012. “Eventualmente 44 prefeitos, se confirmarmos Pojuca”, emenda o pedetista. Reticente, Brust não quis falar sobre expectativas em torno de cargos ou pastas específicas e negou que o governador tenha acenado com a possibilidade de ampliar a participação deste ou daquele partido na administração. Atualmente, o PDT ocupa as Secretarias de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) e Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), além da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM).
“Na reunião do Conselho Político não se tratou desse assunto [ampliação do espaço dos partidos na administração]. O que houve foi uma constatação de que, depois da eleição, são necessários ajustes”, declarou ao BN o presidente do PCdoB na Bahia, deputado federal Daniel Almeida. Segundo ele, é possível que os “ajustes” já tenham começado. “Está aí o caso da Conder”, citou o parlamentar, ao se referir à mudança no comando da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia. A saída do diretor-presidente da Conder, Milton Villas-Bôas, “por motivos pessoais”, foi anunciada nesta segunda-feira (5). O engenheiro civil José Lúcio Machado deve tomar posse no cargo na próxima semana.
Questionado sobre a possibilidade de a vereadora e ex-candidata a vice-prefeita de Salvador Olívia Santana (PCdoB) ser convidada a assumir um cargo no governo, Daniel Almeida afirmou que “Olívia é uma grande liderança do partido e da Bahia” e “não se admite que ela não tenha um papel de relevo, seja na vida partidária, seja numa estrutura de governo”. Com entusiasmo crescente, o comunista completou: “de secretária a ministra, ela pode ser tudo porque tem capacidade e é uma grande liderança”.
O deputado estadual Mário Negromonte Júnior representou o presidente do PP na Bahia, o deputado federal Mário Negromonte, que não pôde participar da reunião do Conselho Político realizada na semana passada. Segundo Negromonte Júnior, no balanço sobre o desempenho dos partidos governistas nas urnas, com 52 prefeitos eleitos em 2012, o PP é o o 3º em número de prefeituras e o 2º em termos de população, orçamento e votos. “O PP da Bahia foi o que mais cresceu no Brasil”, disse ao BN Negromonte Júnior. O parlamentar também não fala sobre pretensões do partido no caso de uma reforma administrativa no governo. “Quem tem a caneta é o governador”, declarou ao BN, ao complementar: “estamos à inteira disposição do governador”.