A desgraça e a miséria dos sertanejos nas terras estorricadas do sertão, onde os desprotegidos da sorte rogam piedade aos céus e ao cruel “poder de nervo de aço”! “Poder Paliativo” que mascara solução, e, sem sangue na veia e sem coração, deleita-se na dor plangente e sentimental que faz chorar de tristeza os humilhados sertanejos e suas criações, à beira da secura das cacimbas e aguadas, levados pela angustia da morte!
Berram de fome e de sede, esperando a queda da morte! As folhas secas e a terra de carvão! Diversas pragas mortíferas sofrem nossos irmãos do sertão; os castigos da natureza que com o seu Sol inclemente, sem compaixão, queima e destrói o nosso semiárido, ceifando, assim, a vida da mata rala, suas criações, como também sepulta a ilusão dos mendigos, humilhados e excluídos sociais que se sujeitam a esperar solução de um pingo d’agua do poder perverso e cruel que há mais de quinhentos anos assiste à dor bem doida desta gente que se segura na Fé e na esperança de uma graça caída do céu! (Agua)!
Se os nordestinos têm carma para pagar, acreditamos que a divida não mais existe; pois, a desgraça e a miséria ferem a alma deste povo que com as mãos calejadas e de pele enrugada testemunha a maldade da natureza que parece não ter coração!
O governo assiste a um “circo que pega fogo” há vários séculos, ateado por um coronelismo da maldição que detém a tocha permanente e que não se apieda dos prantos soluçantes dos pedintes que veem a distribuição da riqueza ser colocada no “alcação da corrupção oficial” de uma “canalhada,” ora sentenciada, “senhores” do erário publico “cofre”, cujas veredas e caminhos malditos iluminados pela lanterna “ gorda” que bem sabe clarear onde estão os bens e os recursos do Estado para uma suave subtração.
Não se deve esconder que a natureza tem sido ingrata para os sertanejos, homens trabalhadores, mesmo debaixo do Sol que castiga, entretanto, sem água, suas forças são em vão, restando-lhes humilhação na cidade onde a sociedade e o governo os desprezam como se fossem escombros sociais!
Na verdade, por serem puros, sem malicias, vivem na ilusão e na esperança de dias melhores prometidos pelos polítiqueiros que não sentem a dor dos sofredores do campo que passam neste momento causticante pelo Sol que queima, mata, provoca fome, sede e o êxodo rural, cujas famílias abandonam seus bens, historia, escapando para os destinos incertos, estirando a mão para a mendicância e a humilhação, formando-se bolsão de excluídos sociais.
Enquanto a desgraça campeia, os outrora “amigos” políticos, ladinos, astuciosos, desaparecem dos castigados pelo destino da desdita, e, quando procurados, nunca estão em casa, ouvindo-se a voz da empregada, que viajaram, não tendo data para o retorno.
Os humilhados da sorte perdem o seu “mundo rural”, e, os que se dizem representantes do povo se juntam aos prefeitos para fazer carnaval, gastando quantias vultosas. Muitos desses gestores com quatro contas rejeitadas, mas, “ajeitadas” por certas câmaras viciadas, esbaldam-se perante a Justiça Eleitoral, sem jamais lembrarem que os infaustos humildes da lavoura sertaneja se sucumbem por cima da enxada, e os animais dão o seu último berro da morte!
Geraldo Dias de Andrade é Cel. PM/RR – Cronista – Bel. em Direito – Membro da ABI/Seccional Norte – Escritor – Membro da Academia Juazeirense de Letras.