Os advogados de defesa dos três policiais militares suspeitos de ter envolvimento na morte de Geovane Mascarenhas de Santana, 22 anos, devem pedir a revogação da prisão temporária do grupo hoje. No entanto, o advogado Luciano Pontes não soube dizer que tipo de medida judicial seria adotada. “Só vou ter acesso aos autos hoje (ontem), para começar a estudar a melhor forma de colocá-los em liberdade. Vamos revogar a prisão para que possam responder qualquer tipo de acusação”, afirmou Pontes.
Os três suspeitos de participação no caso – o subtenente Cláudio Bonfim Borges, comandante da guarnição que aparece nas imagens, e os soldados Jailson Gomes de Oliveira e Jesimiel da Silva Resende – estão presos desde a última sexta-feira, depois que a juíza Ângela Bacelar, do 1º Juízo da 1ª Vara do Tribunal Júri, decretou a prisão por 30 dias. O trio, que é lotado na Rondesp da Baía de Todos os Santos (BTS), está detido no Batalhão de Polícia de Choque, em Lauro de Freitas.
Apesar de ter dito anteriormente que os PMs negavam participação no crime e que Geovane havia sido liberado pela guarnição momentos após a filmagem da câmera de segurança, o advogado preferiu não comentar o depoimento dos suspeitos. “Não posso falar sobre o teor (dos depoimentos), para não haver uma distorção do fato. Confiamos na apuração da Justiça da Bahia e da Corregedoria da PM”.
A polícia já havia informado que tanto Jailson quanto Jasimiel respondem a outros processos judiciais nas 1ª e 2ª Varas de Justiça por autos de resistência — quando agentes de segurança matam em situação de confronto. Enquanto isso, o subtenente Cláudio nunca foi réu de ações judiciais do tipo.
“Meu cliente não tem nenhuma mácula em toda a sua carreira de polícia. Ele já participou de outras unidades policiais, inclusive já deu treinamento na academia da polícia militar”, argumentou o advogado.
Entenda o caso
2 de agosto Geovane Mascarenhas Santana, 22 anos, sai de casa, de moto e não volta.
3 de agosto Pai de Geovane, o comerciante Jurandy Silva de Santana, começa a procura pelo filho. Visita casa de parentes, passa em delegacias, companhias de polícia, hospitais e até IML. Não encontra o filho.
4 de agosto Jurandy registra desaparecimento na Corregedoria da PM.
9 de agosto Cinco dias depois de registrar o caso na Corregedoria, o próprio Jurandy passa pela Calçada e fica sabendo que PMs da Rondesp abordaram um rapaz e o levaram no porta-malas. Na esquina da abordagem, consegue imagens de câmeras de segurança e as entrega à polícia. Jurandy registra o desaparecimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
12 de agosto Consultada pelo CORREIO, PM afirma que Corregedoria não recebeu denúncia alguma relativa a Geovane.
13 de agosto CORREIO publica a primeira reportagem, com exclusividade. PM volta atrás e confirma que a denúncia estava registrada na Corregedoria desde o dia 3. PM identifica policiais, mas não divulga nomes.
14 de agosto PM afasta policiais.
15 de agosto Polícia anuncia que corpo carbonizado, decapitado e sem mãos, fora achado no dia 3 no Parque São Bartolomeu. Mãos e cabeça também carbonizados encontrados no dia 4, em Campinas de Pirajá, provavelmente pertenciam a esse corpo. Digitais indicaram que uma das mãos era de Geovane. PMs têm nomes divulgados e são presos.
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