Lançado há menos de uma semana, o aplicativo para smartphone Tá faltando água já recebeu cerca de 3 mil denúncias de falta de água em diversos locais da região metropolitana de São Paulo. Com a ferramenta, o usuário pode também visualizar áreas marcadas por outros usuários e inserir locais diferentes de sua residência.
O representante da Aliança pela Água – rede que reúne mais de 60 entidades não governamentais ligadas à questão hídrica –, João Ramirez, explicou que o grupo foi formado há um ano para discutir o problema em São Paulo. Entre as discussões e estudos feitos, a Aliança propõe formas para enfrentar a crise e uma nova cultura para o uso racional da água.
“Para isso, uma das ideias foi criar esse aplicativo. É um app muito simples, que localiza o endereço onde o usuário está. Pode informar também a falta de água em outro endereço. Para instalar, basta procurar na loja Android ou ir no nosso site, onde também há outras notícias sobre a crise. A ideia é ser um ponto de referência sobre o assunto”.
Segundo Ramirez, o objetivo é utilizar os dados para fazer relatórios periódicos e informar as autoridades sobre a real situação da falta de água em São Paulo. “No dia do lançamento, o Ministério Público disse que também pretende usar essas informações e enviá-las para os órgãos competentes”, disse ele.
Outro ponto positivo que Ramirez destacou é o de que, ao fazer o login no aplicativo, o usuário precisa se cadastrar e isso cria um canal de comunicação entre o denunciante e a rede. “Assim é possível encontrar essas pessoas para saber se a situação continua. A experiência que vemos é que, em cinco dias, temos a mesma quantidade de reclamações que a Sabesp [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo] diz ter em um mês”, contou.
Ramirez ressaltou que a partir das notificações será fácil detectar todas as áreas onde a falta de água se repete com frequência e assim levar aulas sobre como lidar com isso e replicar as informações por meio de agentes locais. “Queremos também levar o aplicativo para locais mais distantes onde a informação não chega”, disse.
A aposentada Sônia Maria Jardim Passarelli, reside no bairro de Santana, zona norte da capital paulista, e contou que fica sem água todos os dias. As reclamações para a Sabesp são constantes, tanto por parte dela, quanto dos vizinhos. “A água vem pela manhã e às 13h já acaba. Às vezes não sobe para a caixa e nós temos que vir no registro pegar de balde. Já ficamos dez dias sem água muitas vezes. No dia 7 de setembro faltou e se estendeu por vários dias”, disse Sônia Maria.
A dona de casa Ana Landi di Pietro, também de Santana, já sente a falta de água há muito tempo e ressalta que, atualmente, só tem água no período da manhã e mesmo assim muito fraca. “É preciso correr para fazer as coisas na parte da manhã porque acaba rápido. Tenho tentado armazenar água da chuva, que reservo para lavar quintal. No mais é só varrer, porque quando a água vem guardamos para as outras necessidades da casa”.
A Sabesp foi procurada para comentar o aplicativo, mas até o fechamento desta matéria ainda não havia se pronunciado.
Fonte: Agencia Brasil