Qual seria o roteiro perfeito para um jogo ficar marcado como um dos maiores da história? O Flamengo respondeu a pergunta no último sábado, 23, em menos de cinco minutos, ao marcar os dois gols da virada nos instantes finais, derrubar o então atual campeão, River Plate, e voltar a conquistar a Libertadores após 38 anos.
Um primeiro tempo fraco. Um miolo de jogo ainda tímido. Um final avassalador. E o Brasil voltou a ser rubro-negro por um dia. Dois, aliás, pois hoje os heróis – incluindo Gabigol, o autor dos gols do triunfo histórico por 2 a 1, e Bruno Henrique, eleito o craque da competição – voltam de Lima, local da decisão, ao Rio de Janeiro para uma recepção inesquecível.
Assim como em 1981, quando o lendário time de Zico & Cia. superou o Cobreloa e acabou campeão mundial, o Fla pode ter pela frente na edição deste ano o mesmo Liverpool que naquela ocasião foi trucidado: 3 a 0. Por que duvidar deste fenomenal time, agora?
Início complicado
O comecinho do jogo deu a falsa impressão de que o Flamengo poderia fazer com o River o mesmo que impõe à maioria dos seus rivais no futebol brasileiro: uma blitz feroz que, geralmente, termina em gol. Porém, o cenário favorável durou apenas cinco minutos.
E esse ‘domínio’ não gerou ao Rubro-Negro nenhuma chance de gol. O ritmo foi caindo e os argentinos tomaram, gradualmente, conta da partida. A principal arma eram as bolas recuperadas em área perigosa, como ocorreu no lance do gol, aos 14 minutos. Filipe Luis chegou a cortar uma investida do River, mas Enzo Pérez retomou a bola e passou para Nacho Fernández, que tocou para o meio da área. Aí, Suárez fez corta-luz, enganou Willian Arão e Gérson, e a chance se ofereceu para Borré, que a abraçou com um chute preciso, no contrapé do goleiro Diego Alves.
Depois do gol, o River Plate seguiu se aproveitando dos cochilos rubro-negros para ameaçar. Aos 20 minutos, Marí conseguiu bloquear a finalização de De la Cruz, após passe de Suárez. Aos 26, o mesmo De la Cruz desarmou Éverton Ribeiro e tocou para Suárez, que finalizou da entrada da área. A bola desviou e parou na rede pelo lado de fora. Os argentinos ainda assustaram em outro contra-ataque, aos 36 minutos. Palacios arriscou de longe e a bola passou perto da trave.
O Flamengo parecia perdido, nervoso. Terminou o primeiro tempo sem criar nenhuma chance de gol e com apenas uma finalização tentada (fora do alvo). Mas o técnico Jorge Jesus apostou no mesmo time para a etapa final.
A confiança depositada pareceu dar certo, já que Gabriel chutou a primeira bola a gol do Fla logo no segundo minuto. Armani defendeu sem dificuldade. Mas o River respondeu em finalizações de fora de Suárez e Palacios, e se manteve firme. Ainda assim, o Flamengo achou espaço para criar sua primeira grande oportunidade na partida, aos 11 minutos. Bruno Henrique arrancou, adentrou a área e tocou para o meio. Arrascaeta furou, Gabriel carimbou a zaga e, na sobra, Éverton Ribeiro chutou para grande defesa de Armani.
Ainda não era o momento do Fla, mas ele logo chegaria. Na metade final do segundo tempo, o River perdeu gás e a fera rubro-negra acordou. Após ataques desperdiçados na hora ‘H’, o empate saiu em lance que envolveu os três principais jogadores do time, aos 43. Bruno Henrique avançou e tocou para Arrascaeta, que conseguiu desviar de biquinho para Gabriel completar.
Faltava pouco, mas a prorrogação não seria necessária. Aos 46, Gabigol fez a nação rubro-negra explodir por todo o planeta. Ele ganhou disputa com Pinola e fuzilou. Tirou a camisa. Enlouqueceu. Acabou expulso antes do apito final, junto com Palacios, do River. Quem se importa? O Flamengo, clube do povo, a maior torcida do país, volta ao topo da América do Sul.
FLAMENGO 2×1 RIVER PLATE
FLAMENGO
Diego Alves
Rafinha
Rodrigo Caio
Pablo Marí
Filipe Luis
Willian Arão (Vitinho)
Gérson (Diego)
Éverton Ribeiro
Arrascaeta
Bruno Henrique
Gabriel
T: Jorge Jesus
RIVER PLATE
Armani
Montiel
Martínez
Pinola
Casco (Díaz)
Nacho Fernández (Álvarez)
Enzo Pérez
Palacios
De La Cruz
Borré (Pratto)
Suárez
T: Marcelo Gallardo
GOLS: Borré, aos 14 minutos do 1º tempo; Gabriel, aos 43 e a os 46 minutos do 2º tempo
LOCAL: Estádio Monumental de Lima (Peru) ÁRBITRO: Roberto Tobar
ASSISTENTES: Christian Schiemann e Claudio Rios (Trio do Chile)
CARTÕES AMARELOS: Pablo Marí, Gabriel e Rafinha (Flamengo); Casco, Enzo Pérez e Suárez (River Plate)
CARTÕES VERMELHOS: Gabriel (Flamengo); Palacios (River Plate)