O tratamento químico de resíduos agrícolas, via solução de uréia, é uma forma de alimentação alternativa viável em zonas áridas e semi-áridas para aliviar o grave problema de falta de alimentação volumosa durante o período seco. Para o Nordeste brasileiro, principalmente, esta é uma ótima opção porque a falta de chuvas dura cerca de noves meses e compromete a criação animal, devido à falta de forragens. Estima-se que a perda de peso dos animais neste período chegue a 30% além da diminuição da produção de carne, leite, lã e pele, e apresenta alto índice de mortalidade dos rebanhos.
O pesquisador Onaldo Souza, da Unidade de Execução de Pesquisas (UEP/Rio Largo), vinculada à Embrapa Tabuleiros Costeiros, desenvolveu a técnica do tratamento de resíduos com amonização via uréia, principalmente quanto ao uso do bagaço de cana-de-açúcar. Este resíduo e outros são facilmente encontrados no Nordeste brasileiro e a produção deles coincide com o período de entresafra. Os trabalhos mostram que o bagaço da cana, assim como palha de milho, feijão, soja e outros materiais fibrosos, quando corretamente tratados e tecnicamente utilizados na alimentação animal, podem resolver e suprir as deficiências na alimentação de bovinos, caprinos e ovinos, fortalecendo a agricultura familiar, a atividade pecuária e mantendo o agronegócio no período da seca.
Segundo o pesquisador, o tratamento químico com uréia é o método mais eficiente e prático para incrementar o valor nutritivo desses materiais fibrosos porque não afeta a atividade microbiana do rúmen. “O principal efeito do tratamento é a melhoria da digestibilidade, aumento do teor de proteína bruta e melhor aproveitamento da fibra”, afirma Onaldo Souza, acrescentando que o tratamento com uréia é indicado para materiais de baixo valor nutritivo e, no caso de resíduos com alto teor de umidade, como o bagaço de cana, a água deve ser utilizada apenas para dissolver a uréia e posterior pulverização no resíduo.
da redação do Nordeste Rural