Por Caio Alves
Fotos: Mirielle Cajuhy/arquivo pessoal
O Diário da Região inaugura hoje a sua mais nova coluna, ‘Arte Urbana’. Aqui iremos mostrar os trabalhos de uma galera que vêm realizando intervenções por Juazeiro e Petrolina. E para começar a nossa coluna, entrevistamos a artistas plástica e tatuadora, Pollyana Mattana.
Pollyana Mattana, é carioca, têm 29 anos, formada em artes plástica pela a Faculdade Paulista de Artes (FPA), mais morou um bom tempo em São Paulo, deu aula na Univasf, no curso de Artes Visuais e hoje mora em Triunfo-PE.
Diário da Região: Como você veio parar aqui na região?
Pollyana Mattana: Quando eu vim para Pernambuco, eu vim para Petrolina, dei aula dois anos na Univasf no curso de artes, professora de desenho e cerâmica. Morei um tempo em Salvador. E depois da Univasf, fiz um concurso para o SESC, e têm um ano que estou em Triunfo.
D.R.: Quando você chegou aqui, você sentiu alguma diferença da arte que utilizada nas grandes cidades e aqui?
Pollyana: Com certeza. Não tinha. Lá você está acostumado. Qualquer lugar que você vai têm, pichação, grafite, e aqui não tinha nada. Ai quando eu comecei a da aula, eu montei um grupo que se chamava ‘stenciologos’ (stencil), tinha mais ou menos cinco alunos. E ai, a gente saia durante a madrugada, para colar lambe-lambe, fazer grafite, fazer stencil, em Juazeiro e Petrolina. Depois disso fomos chamados pelo o SESC para fazer um muro, através do grupo Cais (Central de Arte, Imagens e Stencil), Junior Rocha e Sergio de Sá, ai chamaram a gente para fazer esse muro, e Junior como é meu amigo me chamou e ai eu chamei Lys, que era a minha aluna no curso e teve um grande desempenho no curso, e se entregava mesmo, não tinha problema de acordar.
D.R.: Você acha que a população apoia o seu trabalho?
Pollyana: O pessoal normalmente gosta. Elogiava, falava mal dos órgãos públicos que não apoia, perguntavam se era a gente que tinha comprado às tintas.
D.R.: Você prefere utilizar locais abandonados para realizar as suas intervenções?
Pollyana: Prefiro. Não gosto de pegar um muro pintadinho, e fazer a minha arte. Pois o muro pintadinho, está ali, e quando você pega uma coisa destruída e transforma, é bem melhor.
D.R.: Notamos que na sua arte, você sempre utiliza um coração…pode falar qual o significado dele?
Pollyana: Sempre têm. Quando eu vim para o nordeste, eu não sei se é a cultura. São Paulo é muito louca, é muita coisa. E aqui têm uma coisa local que não se explica. Uma vez eu estava em um show aqui em Juazeiro e ai começou a tocar uma música e acabou a luz, ai todo mundo continuou cantando, e nem sabia a música…E falava ‘caramba’. Isso não existe lá. Aqui têm essa coisa da raiz, da cultura que é muito forte. E isso me envolve, e ai uso muito o coração que na verdade é um símbolo regional.
D.R.: Além do coração, você também utiliza esse desenho de um garoto…Pode falar o significado dele?
Pollyana: Ah, não vou falar. A leitura é sua. (risos) Mas eu sempre o mudo, tanto que ele foi à arte do Festival de Cinema de Triunfo, desse ano.
D.R.: Tinha umas frases no centro de Juazeiro, que foi você que fez…
Pollyana: (risos) Na verdade, foi uma provocação. Fiquei observando nas redes sociais, as frases que as pessoas colocam.
Adoram usar Caio Fernando de Abreu, Clarisse Lispector. E ai eu via na verdade como era diferente isso. Por exemplo, a pessoa postar uma poesia e depois postava uma foto no show de brega. E ai comecei fazer frases desses escritores e colocar em baixo a assinatura deles. E a galera gostou, vi muita gente tirando foto, compartilhando. “Diga a onde você vai que eu vou varrendo” Caio F. Abreu.
Ficou interessado nos trabalhos de Pollyanna Mattana, então é só curti a sua página no Facebook: Pollyana Mattana Tatuagem e acompanhar ela em seu Instagram: instagram.com/polly_mattana
O que é stencil:
O Stencil ou Estêncil é uma forma de grafite mais rápida e simples. Porém não tão simples como aparenta, pois um bom stencil é feito por um bom artista. A técnica consiste em utilizar uma placa como molde para a figura.