Conhecida como a cidade das carrancas, Juazeiro é um dos mais importantes municípios do estado da Bahia. Banhado pelo rio São Francisco, com uma área de mais de seis mil quilômetros quadrados, abriga cerca de 200 mil habitantes. Este ano, a cidade comemora 136 anos de emancipação política e encanta a todos que a visitam com suas histórias e belezas naturais.
O nome é derivado de uma árvore nativa, predominante na região nordeste do Brasil, encontrada principalmente em áreas secas, de clima semiárido e presença de Caatinga. Conta-se que, num determinado ponto da margem direita do rio São Francisco, existia uma árvore frondosa, com copa grande e densa, carregada de folhas pequenas e frutos amarelos, alta e de muita sombra – um pé de juá. Os boiadeiros a transformaram em ponto de descanso, chamando o lugar de Passagem do Juazeiro.
Ali se cruzaram os acessos fluviais e terrestres, caminho natural de bandeirantes, servindo de ligação entre Sul, Nordeste e Norte do país. Em 1706, a Missão São Franciscana chegou para catequizar os índios da região. Eles construíram um convento e uma capela com uma imagem da Virgem que, de acordo com a lenda local, teria sido encontrada por um índio em uma gruta. Juazeiro foi elevada à categoria de vila e posteriormente comarca, tornando-se cidade em 15 de julho de 1878 pela Lei nº 1.814.
Localizada no coração do Nordeste, Juazeiro está situada à margem direita do rio São Francisco, no extremo norte da Bahia, na zona do médio e baixo São Francisco, a cerca de 500 km de distância da capital baiana. A cidade faz divisa com o estado de Pernambuco, ligada a Petrolina pela ponte Presidente Dutra.
Vinho e carne de bode são atrações
O município de Juazeiro é um dos produtores de vinho do país, e a sua gastronomia é reconhecida por um de seus pratos regionais típicos: a carne de bode, encontrada na maioria dos restaurantes da cidade. Outras atrações gastronômicas da região são o carneiro, a carne do sol e peixes como o Cari e o Surubim, além da macaxeira (aipim) frita na manteiga.
A cidade possui um cenário histórico e belezas naturais que surpreendem quem a conhece. A orla fluvial, com uma extensão de aproximadamente 2 km, é ótima para quem deseja passear, relaxar e ver o sol se por nas águas do Velho Chico. Outras atrações turísticas são o Vapor Saldanha Marinho (Vaporzinho), primeira embarcação movida a vapor a navegar pelas águas do rio São Francisco, e o Museu Regional do São Francisco, que possui um acervo regional constituído de quase cinco mil peças, entre fotografias e estandartes, documentos, medalhas, quadros de pinturas, réplicas de carrancas e móveis do século XIX.
A ponte Presidente Dutra, construída na década de 1950 para ligar os municípios de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE); as ilhas fluviais, grutas e cachoeiras; o Parque Lagoa de Calu, um espaço de lazer e entretenimento que possui bares, restaurantes, parque infantil e quadras esportivas; a Catedral, inaugurada em 1954; a Casa do Artesão, onde são produzidas peças artesanais que representam a história do município; e o Centro de Cultura João Gilberto também são atrações turísticas oferecidas pela cidade.
Frutas para exportação
A cidade de Juazeiro também é conhecida como a capital da irrigação, devido à sua forte economia baseada na agricultura irrigada. O rio São Francisco é o responsável pelo desenvolvimento da cidade, tornando-a uma das maiores exportadoras de frutas tropicais do país.
O “Oásis do Sertão” também se estabeleceu como um entreposto comercial de hortifrutigranjeiros, com destaque para o mercado do produtor. Também é sede de uma das maiores usinas de cana-de-açúcar da Bahia, além de ser referência no que diz respeito às novas vinícolas que produzem vinhos comercializados no Brasil e no exterior.
Celeiro de artistas
“Do outro lado do rio tem uma cidade que na minha mocidade eu visitava todo dia. Atravessava a ponte, mas, que alegria! Chegava em Juazeiro, Juazeiro da Bahia”. Já cantava Luiz Gonzaga, prestigiando a cidade em sua música “Petrolina Juazeiro”. Assim como nos versos de Gonzagão, Juazeiro ficou eternizada em canções de artistas renomados como Gilberto Gil, em “Juazeiro”, e Caetano Veloso, com “O Ciúme”, artistas que acolheram Juazeiro e viram na cidade uma fonte inesgotável de inspiração poética.
O município também é conhecido por ser um berço cultural, no qual nasceram diversas personalidades que se tornaram famosas no país, como o cantor, violonista e compositor João Gilberto, considerado o criador da bossa-nova. Chamado por muitos de “gênio” e de “lenda viva da música popular brasileira”, ele é responsável por apresentar esse gênero musical ao mundo. Atualmente, João Gilberto, 83 anos, mora no Rio de Janeiro, mas a casa em que viveu durante a infância e juventude está aberta para visitação na Praça Imaculada Conceição, no centro de Juazeiro.
Luís Dias Galvão, mais conhecido como Galvão, também é juazeirense. Poeta e músico brasileiro, foi integrante do conjunto musical ‘“Novos Baianos” que fez sucesso durante os anos de 1969 a 1979. O grupo, composto também por Moraes Moreira, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Dadi, marcou a música popular brasileira dos anos 70 com sua então inusitada mistura de ritmos como a bossa nova, o frevo, o baião, choro, afoxé e rock’n roll.
Cantora, compositora, instrumentista e empresária Ivete Sangalo nasceu em Juazeiro em maio de 1972. Alcançou o sucesso ainda como vocalista da banda Eva. Sua voz grave conquistou multidões dentro e fora do Brasil, e uma legião de fãs. Ivete ganhou diversos prêmios musicais como o Troféu Dorival Caymmi em 1992, o Grammy Latino, em 2005, na categoria ‘”Melhor Álbum de Música de Raízes Brasileiras”, e conquistou o prêmio de “Melhor álbum de MPB”, em 2012, com o especial “Ivete, Gil e Caetano”.