Por Alinne Torres
Fotos: Caio Alves/ Arquivo Pessoal
Arte de pintar começou a se manifestar nos grupos humanos desde os tempos mais remotos da humanidade. Na Pré-História os homens já expressavam o cotidiano e emoções por meio das pinturas rupestres feitas nas cavernas e em pedras. Através de traços feitos com pigmentos líquidos e uso constante de cores, este tipo de linguagem proporcionou várias compreensões de mundo. Para falar um pouco mais sobre a pintura, a coluna Artistas do Vale do Jornal Diário da Região, desta semana, traz uma entrevista exclusiva com o artista plástico, natural de Juazeiro, Gérson Guerreiro. O artista tem suas obras consagradas no cenário nacional e internacional. Suas pinturas buscam expressar a vida em diversos momentos e tem como referência a técnica do ponto em dimensão.
Diário da Região: Quem é Gérson Guerreiro? De onde ele surgiu?
Gérson Guerreiro: A minha trajetória é o seguinte (risos). Eu sou natural de Juazeiro. Estudei aqui em Petrolina até o Ensino Médio e depois fui para São Paulo estudar Artes Visuais na Faculdade de Belas Artes. Quando retornei à região fixei residência em Petrolina. Mas a minha história está situada mesmo com entre Juazeiro e Petrolina. Também sou professor pós-graduado em História da Arte e realizo pesquisas e experimentações sobre Técnicas, Suportes e Materiais Expressivos em Artes Visuais.
Diário da Região: Quando a pintura entrou na sua vida?
Gérson Guerreiro: A pintura eu acho que entrou na minha vida a partir de uma influência familiar. Meu avô era artesão e minha mãe sempre gostava de pintar. Eu tinha tios, que na minha época da minha adolescência, trabalhavam com arquitetura, engenharia. Eu fui para São Paulo fazer Artes Visuais por influência da minha família. Com o tempo, eu acabei agregando a parte do conhecimento popular adquirido aqui com o conhecimento acadêmico adquirido na universidade. O interesse em trabalhar com a pintura foi despertado mais quando eu era universitário, quando eu comecei a conhecer os grandes nomes da pintura. Sempre me vinha o interesse de desenvolver um trabalho diferente com a pintura. Eu me apaixonei muito pelas vanguardas e via que cada uma delas apresentava uma proposta diferente para as artes visuais. Eu quis enveredar por aí e criar algo diferente e como eu sempre trabalhei na área de pesquisa com técnicas e suportes visuais, desenvolvi a técnica do ponto em dimensão. Então, eu comecei a desenvolver a técnica, mas procurei observar se ela já existia. Esse processo durou uns dois anos e quando ficou constatado que a técnica do ponto em dimensão era inédita, eu fiquei muito feliz, principalmente por saber que tinha criado algo vanguardista.
DR: Como os seus quadros ganharam reconhecimento em outros países?
GG: Em 2010 saiu o registro da técnica e foi então que comecei a preparar uma série de trabalhos que foram expostos em Recife e Salvador. Justamente em Salvador que houve o interesse de um olheiro estrangeiro que gostou do meu trabalho e começou a me inserir no mercado internacional. Em 2013 foram oito exposições fora do Brasil.
DR: Gérson, o que diferencia a técnica do ponto em dimensão, que é uma criação sua, das outras criações artísticas?
GG: Primeiro que é um trabalho em relevo onde a imagem se sobressai a partir do relevo provocado pelo ponto, o que instiga os sentidos e causa sensações visuais. É uma técnica que não passa despercebida. Isso é interessante. Em 2013 durante as minhas exposições eu senti o grande interesse e aceitação para com o trabalho e isso desde os críticos em arte ao público geral. Eles viam como uma coisa diferente.
DR: O que você tenta passar para as pessoas através da pintura?
GG: Eu costumo dizer que com a arte eu costumo expressar as emoções, a vida. Acho que a vida está muito presente no meu trabalho de um modo geral. Sou muito observador e atento a tudo. Às vezes estou passando na rua e vejo uma cena e aquilo ali cria um quadro mental que de repente gera uma obra.
DR: Gérson, como professor de História da Arte, na sua opinião, como a pintura se diferencia das outras formas artísticas?
Gérson Guerreiro: Existem diferentes linguagens, mas o objetivo de todas elas é a comunicação e isso de diversas formas. Então, são diversas linguagens. A diferença está no modo de transmitir essa mensagem.
Diário da Região: Como o Vale do São Francisco é representado nas suas sobras?
GG: Olhe, embora eu trabalhe com temas universais, volta e meia , aquela coisa do mesmo que não queira, vem à temática regional que é o meu universo. A cada dez obras quatro são relacionadas ao regional. È aquela coisa que está dentro, faz parte da memória afetiva.
DR: Como você sente a recepção das pessoas diante dos seus quadros?
GG: É muito boa e motivo de orgulho. Quando eu levo os temas regionais é uma forma de está valorizando essa região. Lá fora há um pedido muito grande para que eu insira sempre três obras de cunho regional. Eles gostam demais e enxergam como diferente. As pessoas ainda veem o Nordeste pelo lado negativo e quando eu apresento outras propostas, através das obras, gera outro olhar sobre a região.
DR: E para este ano já estão previstas exposições?
GG: A minha agenda está mais voltada para fora do Brasil. Eu participo de temporadas. No dia 02 de abril estarei participando da Expor New York, nos Estados Unidos. No segundo semestre estarei participando de uma exposição em Londres.
DR: A pintura será sua companhia até o final da sua vida?
GG:Com certeza para o resto da minha vida. É na pintura que eu me encontro. Na verdade eu me encontro com a arte e dentro das linguagens, as artes visuais, pintura e arquitetura me chamam mais a atenção. Estou tentando desenvolver um trabalho com escultura integrando a técnica do ponto. Mas isso ainda está em fase de experimentação.