Da Redação
A coluna Artistas do Vale traz nesta semana para os leitores do jornal Diário da Região uma entrevista especial com a percussionista e integrante do grupo ‘Baque Opará’, Roberta Duarte. O grupo integra a programação do carnaval da cidade de Petrolina e promete preencher as ruas e avenidas com os ritmos da cultura popular nordestina como a ciranda, coco, afoxé e maracatu. O ‘Baque Opará’ atua no Vale do São Francisco desde 2008 e a sua principal proposta é valorizar a cultura pernambucana no sertão.
Diário da Região: Quem são os integrantes do grupo Baque Opará?
Roberta Duarte: O Baque Opará (baque deriva de batuque; e Opará significa rio-mar, nome dado ao Rio São Francisco pelos índios) é um grupo formado por pessoas que gostam da cultura popular. Foi fundado em 2008 pela professora do curso de Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Bárbara Cabral. A nossa primeira apresentação aconteceu em 2009 durante a prévia do carnaval. A princípio não tem como pré-requisito que os integrantes saibam tocar. Os participantes apenas têm aproximação e afinidade com a diversidade cultural nordestina e pernambucana. O grupo aceita pessoas de todas as faixas etárias, já que a cultura popular é muito fácil e qualquer pessoa aprende. Somos todos amadores e não é cobrada taxa para fazer parte da equipe. Ao todos somos 30 componentes oriundos de várias partes do Brasil.
DR: Quais os instrumentos que vocês tocam?
RD: Nós ensinamos e tocamos vários instrumentos como alfaia, agbê, conhecido na Bahia como xequerê; agogô, gongê, ganzá, caixa, dentre outros. Nós estamos pensando em agregar ainda o atabaque, timbal e instrumentos de sopro. Com os cachês que fomos recebendo compramos alguns instrumentos, mas pedimos que cada pessoa compre o seu. Aos poucos fomos introduzindo outros ritmos além do maracatu como coco, ciranda e afoxé. Mas a proposta é trazer ainda o frevo, samba. Essa mistura se torna uma diversão, um lazer saudável. O objetivo principal do grupo é o entretenimento com a valorização da cultura pernambucana no sertão.
DR: Como é o repertório do grupo Baque Opará?
RD: A gente toca vários ritmos da cultura pernambucana e nordestina. O Maracatu de Baque Virado é o ritmo que mais tocamos e foi a base do grupo, junto com o Maracatu Nação, típico da região metropolitana do Recife. Nós pouco ouvimos esses ritmos no Vale do São Francisco e a proposta do Baque Opará é trazer a cultura pernambucana para o sertão, valorizando a cultura do estado aqui no interior. Não somos um grupo de maracatu e sim de percussão. Nós trazemos canções mescladas e de outros grupos de percussão. O nosso repertório é variado e abrange músicas de domínio público, canções de Lia de Itamaracá, Coco Raízes de Arco verde e do Maracatu Nação Pernambuco. A gente valoriza os artistas locais, não temos fins lucrativos e todo cachê que recebemos é destinado para a manutenção do grupo. Passamos aproximadamente três anos tendo somente percussão, mas agora já temos cantores.
DR: A maioria dos componentes do grupo Baque Oparáé mulheres. Existe algo de especial que atrai o público feminino?
RD: Em Recife, coincidentemente, tem essas características dos grupos de percussão ter um público formado mais por mulheres. Eu penso que a razão disso é que hoje em dia o lazer está muito relacionado ao álcool e como esse é um lazer saudável, que está cada vez mais escasso, talvez alguns homens não apreciem e prefiram beber nos finais de semana que é quando acontecem nossos ensaios.
DR: Quando acontecem os ensaios do grupo?
RD: A proposta do grupo é contínua. Não nos preparamos somente para o carnaval. Nós também tocamos em eventos científicos, culturais, a convite de escolas. Então, nós ensaiamos todos os sábados, às 18h, na Porta do Rio, orla de Petrolina.
DR: O Baque Opará tem proposta de gravar um CD?
RD: Temos até propostas, mas se um dia chegarmos a gravar será somente para registrarmos a memória do grupo e não será como fins comerciais.
DR: Qual a programação para o carnaval de 2014?
RD: Nós faremos o pré-carnaval de Petrolina neste sábado (22). Nosso cortejo sairá às 17h em frente ao Café de Bule, na Rua Santana Filho, n° 353, ao lado do Colégio Maria Auxiliadora. Todos os anos fazemos um desfile pelas ruas históricas de Petrolina. O cortejo terminará na Praça 21 de Setembro. Teremos também a participação do Bloco Oito Furos. Será uma prévia de muito frevo e percussão.
DR: E após o carnaval, já tem agenda de apresentação?
RD: Nós iremos nos apresentar em Brasília no dia 15 de março no evento Nacional de Atenção Básica de Saúde. Mas, no decorrer do ano manteremos nossos ensaios e as apresentações que forem surgindo.
[BOX]
O maracatu é uma dança folclórica de origem afro-brasileira, típica do estado de Pernambuco. Surgiu em meados do século XVIII, a partir da miscigenação musical das culturas portuguesa, indígena e africana.
É uma dança de cortejo associada aos reis congos. Os maracatus, tradicionalmente, surgiram e se desenvolveram ligados às irmandades negras do Rosário. Nos maracatus há um forte componente religioso.
Como as irmandades foram, com o passar do tempo, perdendo força, os maracatus passaram a fazer suas apresentações durante o carnaval, principalmente o de Recife.
Existem dois tipos de maracatus:
– Maracatu Rural, também conhecido como maracatu de baque solto;
– Maracatu Nação, também conhecido como maracatu de baque virado.
Coreografia dos maracatus
Os maracatus dançam ao som dos seguintes instrumentos musicais: tarol, zabumba e ganzas. As danças são marcadas por coreografias específicas, parecidas com danças do candomblé. Os participantes representam personagens históricos (reis, embaixadores, rainhas).




