Em 1501, Américo Vespúcio batizou a nova terra como: “Bahia de todos os Santos”. Após quinhentos e poucos anos, veio alguém e mudou a expressão para: “Bahia de todos nós”. Infelizmente à nova expressão, vincularam uma tremenda propaganda, que não foi aceita por bandidos, assaltantes, traficantes de drogas que hoje dominam o Estado. Eles, silenciosamente, tomaram conta da Bahia. Hoje, mandam e desmandam. E colocaram uma nova expressão: Bahia de todos os Bandidos. Tomei a liberdade de contrariá-los dizendo: Bahia de todos os Diabos. Além deles, temos: Bahia de todas as drogas; Bahia de todos os crimes; Bahia de todas as mazelas; Bahia de tamanha violência.
Quero me referir a uma Bahia que já foi livre, pacata, segura, ordeira, alegre, acolhedora e comandada por homens e mulheres que em determinados momentos destoavam, mas, agiam com firmeza, contra a bandidagem, que hoje desafia o Estado. Enfim, refiro-me a uma Bahia que, para alguns de hoje, era atrasada e para outros de ontem era civilizada.
Diz um escritor baiano, Jolivaldo Freitas, no seu livro: Histórias da Bahia – Jeito Baiano: “Quem é de hoje não consegue entender ou visualizar uma Salvador (digo, Bahia), onde se podia andar nas ruas altas horas da madrugada ou mesmo dormir no banco da praça, caso perdesse o transporte – ônibus só circulava até as dez horas da noite e quem perdesse só conseguiria outro às cinco da manhã -, sem ser molestado, não sofrendo assalto ou qualquer tipo de agressão. Pelo contrário, tinha sempre alguém que encostava e perguntava-lhe se estava tudo bem, se precisava de alguma ajuda. Era uma cidade civilizada. Ladrão, quando tinha, era ladrão de galinha e todo mundo sabia o nome”.
Estou certo de que esta nota irritará algumas pessoas “civilizadas” de hoje, que entendem modernismo e desenvolvimento como: salve-se quem puder, chegue pra lá. Aceito que ainda haja pessoas que não foram atingidos pela violência desenfreada, por isso, acham normal a matança, os assaltos à mão armada, os assaltos a bancos, caixas eletrônicos e carros forte em cada quatro horas, na “Bahia de todos nós”, ou melhor, na Bahia de todos os bandidos.
Ouvi várias vezes autoridades representando o Estado dizerem: “Quando o bandido lhe atacar não reaja” (fica evidenciado: entregue tudo, inclusive a vida). Certas autoridades não têm noção do comportamento humano e acham que a reação é igual para todos. Para o bandido, qualquer reação da vítima é motivo para matar: mata o que se espanta; mata o que fica estático, mata a gestante que se move; mata o que lhe olha; mata o que suspende os braços em sinal de rendição; mata a criança que chora; mata o que vai tirar a carteira do bolso. Enfim, mata por qualquer motivo, até porque, está consciente de que nada lhe acontecerá.
A partir de hoje, e não sei até quando, vou considerar “Bahia de todos os bandidos”, mesmo sabendo que ainda existem pessoas boas, autoridades responsáveis, famílias respeitáveis e que quase todos os santos se recolheram, já que sabem que o diabo está mais em voga, na Bahia.
Bahia de todos os Diabos: diabo gênio da maldade; Diabo demônio; Diabo satanás; Diabo Lucífer; Diabo belzebu; Diabo maligno; Diabo espírito das trevas, todos eles comandando o carnaval de Salvador, hoje a festa mais violenta do planeta, onde se mata mais de 200 pessoas, se comete mais de três mil assaltos, se massacra mais de duas mil famílias. E ainda há um agravante: muita coisa provocada (e aceita). Trios elétricos com músicas alucinantes, levando uma multidão de aloprados, drogados, alienados. Há de se reconhecer que a maioria das pessoas está ali com a intenção de diversão, brincadeiras, mas há também os que têm um único desejo: lucro.
Maldita terra, hoje, de todos os diabos, de todos os bandidos.
Bendita terra, porém, porque contamos ainda, com a força do Senhor do Bonfim e da Imaculada Conceição, nos quais depositamos a confiança e esperança de expulsarem os bandidos e os diabos, e que a Bahia volte no futuro próximo, ser, terra de todos os santos e todas as famílias.
MAGOM – Contabilista, Administrador de Empresa e membro do Lions.








