O assoreamento do Rio São Francisco está atrapalhando a navegação. Em alguns pontos os bancos de areia são facilmente encontrados, em especial na divisa entre as cidades de Petrolina, no Sertão pernambucano, e Juazeiro, na Bahia. Atualmente, até os condutores das barquinhas, estão com medo de navegar com o rio tão seco.
Segundo o barqueiro Luiz Raimundo Pereira, a situação do rio deste ano preocupa. “Todos os anos nós passamos por essa situação, só que este ano foi diferente dos outros. A seca foi geral, no estado de Minas Gerais a chuva foi pouca e na Bahia também”, relata.
O temor de que o rio possa deixar de ser navegável é antigo, porém a discussão voltou a tona recentemente depois que a última empresa que ainda utilizava a hidrovia para o escoamento de, pelo menos, um milhão de toneladas de sementes de algodão por ano, suspendeu as navegações. O diretor de logística de uma empresa informou que optou pela suspensão, desde o mês passado, porque ficou impossível de navegar em grandes embarcações por alguns trechos.
“Da vazão da Barragem de Sobradinho para cá ficava na média de 1,6 mil a 1,8 mil metros cúbicos de água por segundo. Isso dava uma tranquilidade para navegar. Hoje está com 1,1 mil metros cúbicos, que já dificulta. Por exemplo, o porto onde nós parávamos em embarque na cidade de sobradinho, hoje a gente já não consegue mais, agora ancoramos em outro ponto”, explicou Luiz Pereira.
Nas últimas décadas, o São Francisco foi o rio que mais perdeu água em toda América Latina. De acordo com o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, em 40 anos, a queda no volume total chega a ser de 35%. Atualmente passa pelo rio, por segundo, 1,1 mil metros cúbicos de água, vazão muito abaixo da recomendada para as navegações, que é de 1,4 mil metros cúbicos por segundo.
Para o educador ambiental e integrante do comitê da bacia hidrográfica, Luiz Dourado, alguns fatores que podem estar causando a escassez de água. “O primeiro deles são as degradações ocorridas ao longo de 513 anos. O segundo relacionado com a seca e a estiagem prolongadas e intensificadas ao longo do tempo. E o terceiro, o mais importante, é a seca de gestão institucional e governamental”, enumera.
De acordo com a Marinha do Brasil, a navegação no rio não foi proibida, do ponto de vista da segurança, mas deve ser feita com muita cautela. É o que explica o capitão-tenente Cláudio Luiz da Conceição. “Abaixo da Barragem de Sobradinho existem alguns trechos críticos. E a gente recomenda que aqueles que navegam, principalmente com embarcações de grande porte, dobrem a atenção”, alerta.
G1 Petrolina