A artilharia síria bombardeou na segunda-feira áreas rebeldes de Homs, antes do aguardado anúncio pelo governo de que uma nova Constituição foi aprovada no referendo de domingo, que foi qualificado como farsa pela oposição.
Mais foguetes e projéteis caíram em bairros sunitas de Homs, epicentro dos 11 meses de rebelião contra o regime de Bashar al Assad. “Um intenso bombardeio começou em Khalidiya, Ashira, Bayada, Baba Amro e na cidade velha ao amanhecer”, disse o ativista de oposição Mohammed al Homsi, falando à Reuters por telefone.
“O Exército está atirando a partir das principais vias para dentro dos becos e ruas transversais. Relatos iniciais indicam que pelo menos duas pessoas morreram na área do ‘souk’ [mercado].”
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres, disse que pelo menos sete pessoas foram mortas em Baba Amro. Os relatos de ativistas da oposição foram ecoados por outros observadores, inclusive da Cruz Vermelha.
No domingo, pelo menos 59 civis e soldados foram mortos durante a realização do referendo sobre uma Constituição que oferece algumas reformas, mas que permitiria a permanência de Assad no poder até 2028.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que tem denunciado um contínuo agravamento da situação em partes de Homs, não conseguiu assegurar uma trégua que permitisse a retirada dos feridos e o envio de mantimentos aos civis.
“Ainda estamos em negociações. Desde o começo, o objetivo tem sido entrar, retirar as pessoas e levar assistência. Cada hora, cada dia faz diferença”, disse Hicham Hassan, porta-voz da entidade, em Genebra.
A agência humanitária há dias mantém contatos com o governo e a oposição para tentar entrar em bairros sitiados, como Baba Amro, onde ativistas dizem que centenas de feridos precisam de tratamento, e milhares de civis enfrentam escassez de água, comida e suprimentos médicos.
Quatro jornalistas ocidentais estão retidos em Baba Amro, dois dos quais feridos. A repórter norte-americana Marie Colvin e o fotógrafo francês Remi Ochlik foram mortos lá em 22 de fevereiro.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse esperar a rápida retirada dos jornalistas. “Está muito tenso, mas parece que as coisas começaram a avançar”, disse ele à rádio RTL.