Cerca de R$ 502 milhões de recursos públicos do Serviço Único de Saúde (SUS) foram gastos irregularmente por prefeituras, governos, instituições públicas e particulares em cinco anos. O montante foi identificado em 1.339 auditorias feitas de 2008 a 2012 por equipes do Departamento Nacional de Auditorias do SUS (Denasus). O valor é cobrado de volta pelo Ministério da Saúde. Segundo estimativa da Folha, com o meio bilhão poderiam ser construídas 227 novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ou, ainda, 1.228 novas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Um dos casos destacados pela reportagem foi o de Rosário (MA), onde R$ 4 milhões foram desviados de 2009 a 2011. De acordo com a promotora de Justiça Elisabeth Mendonça, de 2004 a 2012, a cidade maranhense não tinha nenhum pediatra. A carência gerou óbito de uma criança de cinco anos, porque não tinha ambulância para encaminhar a paciente para a capital, São Luis. “Todos os prefeitos de Rosário de 2002 para cá estão inelegíveis por ação do Ministério Público”, informou a promotora. Ainda no Maranhão, no município de Miranda do Norte, uma das auditorias constatou irregularidades na cobrança de consultas pelo SUS para a visão. O número de consultas feitos no hospital municipal em um ano para tratar de glaucoma é superior ao número de habitantes da cidade. A reportagem da Folha tentou entrar em contato com o prefeito da cidade, mas ele não foi encontrado porque mora na capital e só vai à cidade duas vezes por semana.
BN