Felicidade e sensação de missão cumprida. Foi isso o que o estagiário Lucas Cabral do Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna Caatinga) experimentou durante os dias 24 a 26 desse mês ao realizar a soltura monitorada de três aves de rapina que estavam em reabilitação no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) numa área de conservação ambiental localizada em Salgueiro-PE.
Um jovem carcará, dois indivíduos da espécie gavião carijó (sendo um jovem e outro adulto) puderam retornar ao seu habitat natural na caatinga graças ao trabalho desenvolvido pelos veterinários, biólogos e estagiário do Centro. O estagiário Lucas Cabral, estudante do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), desenvolve a falcoaria há mais de um ano no Cemafauna para reabilitação de aves que muitas vezes chegam machucadas, ou até mesmo aquelas que se desenvolveram em cativeiros e por isso ficam com a musculatura atrofiada para voo e não têm propriedade de caça para sobrevivência.
O carcará foi encontrado ainda filhote num trecho da obra do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF) e chegou ao Centro muito magro e sem condições de voo. Em oito meses recebendo cuidados veterinários e sendo reabilitado por Lucas encontrava-se pronto para ser reintroduzido à natureza. O mesmo aconteceu com o indivíduo adulto da espécie gavião carijó que chegou com cerca de três ou quatro anos de idade, advindo de entrega espontânea porque havia sido atropelado e apresentava uma fratura no rádio. No CETAS recebeu os cuidados médicos e passou por treinamento de falcoaria, tendo uma reabilitação mais fácil e rápida visto que se tratava de um animal de vida livre. O jovem gavião carijó foi encontrado também nas proximidades da obra em Salgueiro e entregue pelo analista ambiental Fábio Walker. Não apresentava nenhum trauma, foi alimentado e considerado apto para soltura.
“O principal objetivo da falcoaria é devolver ao animal a sua condição inicial na natureza, para que assim haja o equilíbrio. Fico feliz em ver que a ave está totalmente recuperada e pronta para sua reintrodução. Além disso, nós também desenvolvemos a conscientização ambiental de crianças, jovens e adultos, através de atividades educativas no Museu de Fauna da Caatinga”, afirma Lucas.
Atualmente, no CETAS há cerca de 30 aves de rapina (gaviões, corujas, falcões e águias) sob cuidados médicos e nutricionais, sendo que somente oito destas poderão retornar ao meio ambiente num processo que pode levar de quatro a cinco meses de reabilitação para aquelas que nunca tiveram vida livre e de dois a três meses para as que já viviam em seu habitat, a depender de cada espécie. A maioria apresentava fraturas graves e antigas quando entregues ao Cemafauna, o que impossibilita o voo e sua sobrevivência na natureza e que acabam tendo como destino os criadouros conservacionistas ou ainda entidades especializadas em educação ambiental.
Ascom/Cemafauna