O brasileiro Roberto Azevêdo deverá ocupar o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) por mais quatro anos. Azevêdo foi o único que se apresentou ao cargo, num reconhecimento de países ricos e emergentes do trabalho realizado pelo embaixador brasileiro. Se o processo estava marcado para durar até maio, governos optaram por antecipar a escolha e, já na segunda-feira, podem bater o martelo para garantir um segundo mandato ao brasileiro.

Azevêdo tem o apoio dos pesos-pesados do comércio internacional, entre eles a China e Europa. No Brasil, seu primeiro mandato foi promovido pelo governo Dilma Rousseff e, agora, foi o presidente Michel Temer quem o lançou em uma nova campanha. Embaixadores consultados pelo jornal “O Estado de S. Paulo” indicam que será uma “surpresa” se ele não for reconduzido para mais quatro anos já no início da semana que vem.

Mas o brasileiro tem recebido certa pressão por parte da delegação da Índia, que já indicou ser contra a inclusão de um acordo de comércio eletrônico na agenda da entidade e mesmo questionou Azevêdo no início do mês por conta de sua avaliação sobre agricultura. Ainda assim, isso não deve frear sua nomeação.

O brasileiro, se confirmado, terá de lidar com dois grandes desafios: a política comercial de Donald Trump e o Brexit, que exigirá a negociação de novos acordos comerciais. Se for eleito uma vez mais, ele ficará no cargo até 2021.

Numa carta enviada no dia 4 de janeiro a todos os membros da entidade, a direção informou que a única candidatura recebida foi a do brasileiro e que uma decisão precisa ser tomada até maio de 2017. Diplomatas em Genebra admitiram ao jornal que, diante de sua gestão considerada como positiva, diversos governos optaram por não apresentar concorrentes. Já Brasília deixou claro que iria apoiar Azevêdo em uma nova campanha.

Eleito em 2013 para o cargo e sendo o primeiro brasileiro a ocupar um posto de alto escalão em uma das entidades do sistema de Bretton Woods, Azevêdo optou por uma estratégia pragmática para evitar que a OMC fosse ainda mais marginalizada. Ao invés de insistir em concluir a Rodada Doha, lançada em 2001, no mesmo formato fracassado dos últimos anos, o diplomata aceitou o desafio de fechar acordos parciais.

A tática acabou dando resultados. Em sua carta indicando sua intenção de ser mantido no cargo, Azevêdo afirmou que acredita que a OMC está hoje em uma melhor situação que estava e 2013 e que isso foi atingido graças à “transparência e pragmatismo”.

Mas críticos alertam que, até hoje, a OMC não lidou com um dos principais problemas no sistema internacional: o desequilíbrio criado pelos subsídios dados pelos países ricos ao setor agrícola. Se não bastasse, nos últimos anos, a China também passou a ser um dos principais alvos de críticas quanto às distorções no comércio de alimentos.

Mas se os seus primeiros quatro anos exigiram uma adequação da entidade, serão os próximos anos que prometem colocar à prova o sistema. Trump já deixou claro que pretende sair de alguns acordos comerciais, enquanto promete denunciar a China nos tribunais e elevar tarifas.

Pequim já respondeu e abriu disputas comerciais contra americanos e europeus diante da recusa desses governos de reconhecer a China como uma economia de mercado.

Cuidadoso antes das eleições para não irritar o governo americano e colocar em xeque sua reeleição, Azevêdo optou por não criticar nem o governo americano nem as políticas propostas. “Não quero comentar”, disse o brasileiro no início desta semana. “A equipe comercial (dos EUA) ainda está sendo criada. Mas estamos prontos para conversar. Estou confiante de que a OMC oferece instrumentos para lidar com essas preocupações que têm sido levantadas”, disse.

“A OMC se baseia na convergência. Não é algo que não possamos administrar. Opiniões diferentes é a nossa realidade diária”, apontou.

“Não sei qual política comercial virá. Honestamente, não sei”, disse Azevedo. “Mas não conheço ninguém que seja a favor do comércio injusto”, afirmou, lembrando que em sua carreira como negociador já ouviu em diversas ocasiões governos falar sobre a necessidade de rever acordos. “Nada disso é novo”, disse.

Numa coletiva de imprensa em novembro, ele também evitou qualquer crítica a Trump. “Trabalho com fatos. Até la, vou dar créditos a governos que querem o melhor para seus cidadãos”, disse. O brasileiro também afirmou que está “pronto para falar” com Trump e que já fez chegar à sua equipe uma mensagem de que quer conversar. Mas insiste que “não recebeu nenhuma indicação” de que o novo governo queira sair da OMC. “Queremos aprofundar nossas relações com os EUA”, disse.

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