A semana já começa com uma informação que pesa no balde que sobrevoa a economia brasileira – a China está crescendo menos. O PIB do segundo trimestre deles apresentou alta de 7,5%, dentro do esperado. O fato de não ser surpresa não indica que seja bom, pelo menos não para o Brasil.
“O mercado gostou dos números de hoje: alívio. No curto prazo, porém, China não é boa notícia”, disse aos clientes da Indusval & Partners Corretora, o economista Guilherme da Nóbrega.
A China vem perdendo força aos poucos desde o ano passado. No cálculo trimestral, o resultado vem diminuindo a cada período. Para o governo chinês, a economia deles responde à mudança de estratégia na condução do país – incentivar o consumo interno para compensar a queda na demanda internacional pelos produtos chineses e evitar o estouro de uma bolha bancária que ninguém sabe ao certo o quanto está crescendo e o seu risco.
Para o Brasil, mesmo forçando a amizade, não dá para gostar da virada chinesa. O equilíbrio da segunda maior economia do mundo interessa ao mundo todo, já que mal nos recuperamos dos desequilíbrios das outras grandes economias do mundo. Mas quando a China para de comprar do estrangeiro, nós perdemos um cliente VIP, que nos sustentou por tanto tempo.
Para enfrentar essa nova realidade das forças econômicas internacionais, o país teria que contar com sua própria competitividade e capacidade de brigar por novas fatias do mercado exterior. O problema é que na lista de prioridades do Brasil, a eficiência da produção nacional perdeu posições – agora é hora de combater a inflação e controlar as contas públicas – espera-se.
Se começou mal, a semana pode terminar com algum alento, mas sem empolgação. O IBGE divulga o IPCA-15 de julho, a prévia da inflação oficial para a metade do mês. Ela pode vir bem perto de 0% ,o que, finalmente, devolveria o índice para baixo dos 6,5% (teto da meta a ser perseguida pelo BC) – em junho, o IPCA em 12 meses ficou em 6,70%.
A parcimônia com a empolgação é requerida porque nem esse IPCA (quase nulo de julho) deve tirar do BC a determinação de continuar subindo os juros, como acabou de fazer elevando a Selic para 8,5%. As projeções para a inflação em 2013 já ultrapassam os 6% porque ainda há muita pressão e riscos a serem enfrentados – por exemplo, a alta do dólar.
Em algum momento dessa semana, o governo deve divulgar o balanço de empregos criados com carteira assinada em maio – espera-se um resultado melhor do que o anterior mas ele deve mostrar que a força de contratação formal está diminuindo. E assim, o balde que sobrevoa a economia brasileira vai ganhando mais cubos de gelo. Para evitar que transborde gelado, seria preciso aumentar a temperatura aqui embaixo – o que só deve acontecer mesmo por conta do verão que só chega em dezembro.
por Thais Herédia