Um dos vice-líderes do partido na Câmara, deputado Afonso Florence (PT-BA)
Para evitar o aumento das crises política e econômica que pode custar o mandato da presidente Dilma Rousseff, as bancadas do PT na Câmara e no Senado vão apoiar o novo pacote de medidas anunciadas pelo governo a fim de atingir a meta de superávit primário de 0,7% do PIB no próximo ano. Mas, assim como ocorreu na primeira etapa do ajuste fiscal, não vão se furtar a fazer críticas às propostas e eventualmente sugerir mudanças a elas. A estratégia pragmática de deputados e senadores petistas está em linha com manifestações de quinta-feira da direção do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A Executiva Nacional do partido decidiu apoiar as medidas, mesmo as chamando de impopulares. Lula, por sua vez, suspendeu críticas públicas ao ajuste por avaliar que uma derrota no pacote pode ser fatal para o futuro político de Dilma. Mesmo a contragosto, parlamentares do PT vão endossar as medidas com reparos. Mas cada bancada deve atuar de uma forma. A da Câmara tende a fazer menos críticas públicas e dar apoio mais explícito ao pacote. A avaliação dos deputados petistas é de que por ser a Casa em que começa a votação de um processo de impeachment, a bancada tem de estar unida neste momento. Segundo eles, sem esse endosso, outros partidos da base se sentiriam desobrigados a respaldar novamente medidas impopulares, como aumento de impostos. “Antes de pensar no ajuste, temos que pensar no mandato de Dilma”, resumiu um parlamentar do PT. “Não vamos fazer de uma marola, um tsunami”, disse um influente deputado do PT. Um dos vice-líderes do partido na Câmara, o deputado Afonso Florence (PT-BA) considera que, para a bancada, o ajuste de agora é “menos traumático” do que o anterior, em que as Medidas Provisórias 664 e 665 endureciam, por exemplo, regras para concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários. “Vamos fechar posição e o partido vai ser fiel”, afirmou Florence.
Estadão Conteúdo