O crescimento de 2,5% da atividade industrial no país em relação a dezembro de 2012 foi puxado principalmente pelo setor de bens de capital, que cresceu 8,2% na mesma base de comparação (o maior desde junho de 2008, quando chegou a 8,8%). Já na comparação com janeiro de 2012, a atividade fabril cresceu 5,7%, com o grupo de bens de capital apresentando alta de 17,3%.
Segundo André Macedo, gerente da Coordenação da Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou os números da indústria em janeiro nesta quinta-feira (8), o crescimento de 17,3% do grupo de bens de capital comparado com janeiro de 2012 interrompeu uma sequência de 16 meses de taxas negativas sucessivas e foi a mais elevada depois de fevereiro de 2011, quando marcou 19,4%.
A aceleração na atividade industrial em janeiro, segundo Macedo, é resultado principalmente da retomada da produção de caminhões, no setor de bens de capital, e automóveis, no segmento de bens de consumo duráveis, com o fim de períodos de férias coletivas, com incentivos fiscais, e com os estoques normalizados ou em alguns caso até abaixo do normal.
Na comparação com janeiro de 2012, a produção de automóveis cresceu 25,3% (a maior deste janeiro de 2010, quando marcou 30,6%) e a de caminhões, 206,4%. Em janeiro de 2012, lembra o gerente, os estoques estavam altos e a produção de caminhões havia recuado por conta da alta nos custos devido às exigências nova motorização menos poluente.
“Estoques acima do padrão foram frequentes no início do ano de 2012. Em vários setores tinha estoques acima. Mas 2013 começou com níveis de estoques normalizados ou abaixo do normal. A produção de caminhões foi favorecida pela manutenção da redução do IPI e por taxas de financiamento BNDES mais baixas. Essa é uma explicação para se entender a magnitude de crescimento que a indústria teve”, disse o gerente, explicando que em janeiro de 2012 a produção de automóveis havia recuado 19,2% e a de caminhões, 65,5%.
O setor de bens intermediários também mostrou crescimento de 0.9% em relação a dezembro de 2012 e de 4% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Os principais responsáveis pelo bom desempenho na categoria foram os setores de refino de petróleo, atividade retomada após paralisações programadas no ano passado, e na extração de minério de ferro, prejudicada no ano passado por conta de períodos de chuvas.
Macedo ressaltou que além do ritmo mais forte da produção industrial demonstrado em janeiro, o crescimento foi mais disseminado: dos 27 ramos de atividades investigados, 18 apresentaram crescimento na comparação com dezembro de 2012.
Os destaques são a produção de calçados e produtos de couro, que cresceu 13,8%, saindo de três meses de quedas sucessivas, período em que acumulou perdas de 10,9%, muito por conta de férias coletivas; equipamentos eletrônicos, em especial, TVs e celulares, com alta de 10,5%, também saindo de períodos de férias coletivas; e máquinas e equipamentos, com crescimento de 5,7%, depois de acumular perdas de 6,2% em novembro e janeiro de 2012.
O destaque negativo foi na indústria de fumo, com um recuo de 53,5%.
“O crescimento negativo de produção de cigarros pode ter relação com aumento de preços do produto, e com o aumento do IPI. Além disso, com o aumento de preços, a produção interna perde espaço para produtos contrabandeados. A indústria de fumo tem cinco meses de resultados negativos”, explicou Macedo.