Cerca de 60 cientistas do Hospital A.C.Camargo e de universidades brasileiras e canadenses debaterão nos dias 7 e 8 de março o envolvimento da proteína prion e outras proteínas que quando mal enoveladas podem ser a causa de doenças neurodegenerativas como as doenças por príons, Alzheimer e Esclerose Lateral Amiotrófica. A proteína príon – que atua em funções importantes como na formação da memória, quando alterada ou associada a outras proteínas tóxicas pode levar à morte dos neurônios. Pesquisadores vislumbram abordagens terapêuticas de reverter este quadro com o desenvolvimento de novas drogas
Nos dias 7 e 8 de março a cidade de São Paulo será o palco mundial para cientistas que estudam doenças neurodegenerativas relacionadas à ação de proteínas mal enoveladas entre elas os príons – abreviação de partícula infecciosa proteinácea. A forma normal dos príons está presente em todos os seres humanos e reúne funções que são fundamentais para a boa saúde mental como a formação e a manutenção da memória e a proteção de células nervosas (neurônios). Quando alterada, isto é mal enovelada, torna-se capaz de causar a morte dos neurônios.
Como identificar novos métodos de tratamento que impeçam a ação negativa das formas alteradas da proteína príon e de outras proteínas mal enoveladas é um dos questionamentos de 60 cientistas do Brasil e Canadá a ser feito durante o Brazil-Canada Prion Science Workshop 2012, que acontecerá no Hospital A.C.Camargo, em São Paulo. Além da cientista do A.C.Camargo e coordenadora do evento, Vilma Martins, haverá apresentações de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), Universidade de São Paulo (USP), University of British Columbia, National Research Council of Canada, McGill University, University of Western Ontario, University of Alberta e University of Calgary.
Os catorze cientistas que proferirão conferências compõem um grupo de colaboração científica para o estudo de doenças relacionadas aos príons e ao enovelamento de proteínas, que conta com investimentos das agências de fomento à pesquisa: PrioNet e Alberta Prion Research Institute, ambas do Canadá e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Estudos recentes mostraram que uma das doenças que traz a proteína príon como protagonista é o Alzheimer. Bastante comum na população idosa, estima-se, atinge 1 entre 10 pessoas de 65 a 70 anos e aumenta consideravelmente sua incidência para 6 entre 10 idosos a partir dos 90 anos. A atuação da proteína príon no contexto que leva à doença começa com a fragmentação, de forma errada, de uma proteína presente no cérebro, trazendo com ela componentes alterados que, ao se ligarem à proteína príon, promovem toxidade capaz de matar os neurônios. A identificação deste processo, por sua vez, gera a possibilidade de se buscar novas formas de tratamento. “A proteína príon passa a ser um alvo terapêutico, pois ao se reverter este processo evita-se a toxidade”, destaca a cientista Vilma Martins.
A proteína príon está relacionada também a doenças neurodegenerativas raras conhecidas como doenças por príons que podem atingir humanos e também o gado bovino, esta última popularmente conhecida como doença da vaca louca. “Em linhas gerais, isso ocorre devido à alteração da forma normal da proteína prion que gera proteínas infecciosas que passam a se propagar e promover morte neuronal”, aponta Vilma.
Durante o workshop serão discutidos ainda os mecanismos associados a outras doenças neurodegenerativas que também são causadas pelo mal enovelamento de proteínas componentes normais do cérebro humano como a esclerose lateral amiotrófica. Em se tratando de câncer, a proteína príon tem sido objeto de estudo em glioblastomas e tumores colorretais.
Palestrantes
Fernanda De Felic – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Sergio Ferreira – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Debora Foguel – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Rafael Linden – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Jerson Silva – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Vilma Martins – Hospital A.C.Camargo
Orestes Forlenza – Universidade de São Paulo (USP)
Neil Cashman – University of British Columbia
Vanya Ewart – National Research Council of Canada
Edward Fon – McGill University
Marco Prado – University of Western Ontario
David Westaway – University of Alberta
David Wishart – University of Alberta
Gerald Zamponi – University of Calgary
Serviço
Brazil–Canada Prion Science Workshop 2012
Realização: Hospital A.C.Camargo, PrioNet Canada, Alberta Solution e FAPESP
Data: 7 e 8 de março de 2012
Horários: 9 às 17h45 (dia 7) e das 9h10 às 14h (dia 8)
Local: Anfiteatro Senador José Ermírio de Moraes, Hospital A.C.Camargo.
Endereço: Rua Professor Antônio Prudente, 211, Liberdade, São Paulo-SP
Inscrições: vmartins@cipe.accamargo.org.br
Cobertura de imprensa: moura@comunique.srv.br
Sobre o Hospital A.C.Camargo
– Instituição filantrópica criada em 1953 por Antônio e Carmen Prudente, o Hospital A.C.Camargo é um dos maiores centros de tratamento oncológico da América Latina. De forma integrada e multidisciplinar, atua na prevenção, diagnóstico e tratamento ambulatorial e cirúrgico dos mais de 800 tipos de câncer identificados pela Medicina, divididos em mais de 40 especialidades. A cada ano identifica e trata 14 mil novos casos da doença, com pacientes de diversas partes do país e exterior, totalizando mais de 950 mil atendimentos (consultas, exames laboratoriais e por imagem, internações, cirurgias, quimioterapia e radioterapia, entre outros). Seu corpo clínico é composto por uma equipe fechada de 403 médicos especialistas, a maior parte com mestrado e doutorado. A dedicação e interação destes profissionais em atividades interdisciplinares resulta em um tratamento com melhores índices de sucesso, só comparáveis aos observados nos maiores centros oncológicos do mundo.
Na área de ensino, o A.C.Camargo criou a 1ª Residência em Oncologia do país, em 1953, tendo formado em 2010 o seu milésimo residente. É também responsável pela formação de um em cada três oncologistas em atividade no Brasil. Sua pós-graduação, criada em 1997, é a única em um hospital privado reconhecida pelo Ministério da Educação e foi avaliada com nota máxima durante toda essa década pela CAPES, tornando-se assim, entre escolas públicas e privadas, a melhor do país em Oncologia e uma das duas melhores em Medicina. Tem a maior produção científica da área, com mais de mil trabalhos publicados na última década nas principais revistas internacionais de alto impacto. Centralizou em 2000 o Genoma do Câncer no Brasil, financiado pela FAPESP e Instituto Ludwig.
Em 2011, o Hospital foi eleito pela terceira vez uma das melhores empresas para Você trabalhar do Guia Você S/A Exame. Em 2009, o Hospital foi apontado pela edição 500 Melhores Empresas da revista Istoé Dinheiro como uma das melhores em Saúde pelo terceiro ano consecutivo e pela segunda vez consecutiva entre as 10 melhores empresas de serviços médicos do Brasil na Gestão de Pessoas, de acordo com o anuário Valor Carreira.