No Dia Mundial sem Tabaco, comemorado nesta sexta-feira (31), foi divulgado um dado alarmante: os brasileiros gastam o dobro com cigarro do que com arroz e feijão. Enquanto estes representam 0,60% da renda média, o primeiro corresponde a 1,20%.
André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), explicou que os gastos com cigarro sempre tiveram peso relevante (acima de 1%) no Brasil, mas ficaram estáveis nos últimos dez anos. Porém, apesar da queda no número de fumantes, o peso dos gastos continua em destaque por causa da elevação do preço do produto. “O governo implementou uma política de aumento de imposto do produto para desestimular, então ainda que o número de fumantes seja em menor grupo, sustenta o vício a um preço maior” explica Braz. Um dos maiores problemas para acabar com o vício do tabaco é, além da dependência química, a dependência psicológica, pois, muitas vezes, o cigarro é encarado como uma forma de tranqüilizar e aliviar o estresse e aborrecimentos.
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), na população com mais de 15 anos de idade, o consumo de cigarros no Brasil caiu de 32 %, em 1989, para 17% em 2008. Para o pneumologista do Inca, Ricardo Meirelles, a queda é resultado de um conjunto de ações do Programa Nacional de Antitabagismo. Segundo o médico, é muito mais econômico para o governo implementar um programa contra o tabagismo, mesmo comprando os medicamentos, do que pagar o tratamento da doença causada pelo vício.
Além da conscientização sobre o tabagismo, Meirelles acredita que essa diminuição deve-se também ao aumento no preço do cigarro, a proibição de propaganda, as campanhas feitas pelo governo e por especialistas, o aumento da oferta de assistência ao fumante na rede pública e a proibição de fumar em prédios públicos.