Por Alinne Torres

Ilka Oliveira tem 55 anos. É esposa, mãe de três filhos, empresária. Há um ano e dois meses está curada de um câncer de mama. A doença foi descoberta durante uma festa de aniversário quando Ilka estava na fila para pegar uma fatia do bolo e sofreu uma pancada em um dos seios. Ao ficar imaginando o que seria aquela dor, não pensou duas vezes e procurou um médico para a realização de uma mamografia, exame que detecta o câncer de mama. Após alguns meses de espera, a confirmação da doença foi detectada. Ilka não tinha histórico de câncer de mama na sua família, sendo considerada a primeira das mulheres a ter esse tipo de enfermidade.
O tratamento de Ilka durou três meses e aconteceu em um hospital do Serviço Único de Saúde (SUS) em Salvador. No dia 19 de dezembro de 2012, Ilka foi submetida a uma cirurgia para retirada do nódulo. Após o procedimento a paciente iniciou mais uma etapa do tratamento do câncer de mama que foi a radioterapia. Ao todo foram 28 sessões. “Não precisei fazer a quimioterapia porque descobri a tempo a doença. Meu câncer, segundo o médico, tinha 99% de cura. Aquela cotovelada que recebi em plena festa de aniversário foi um aviso de Deus”, revela emocionada.
Curada do câncer de mama, Ilka conta que convive ainda com algumas seqüelas do tratamento como inchaço em um dos braços, refluxo, pele com a sensação de aridez. Ilka tomará medicação por cinco anos e a cada seis meses realiza exames. Sua rotina de trabalho aos poucos está voltando ao normal, porém a alegria, uma das suas principais qualidades, foi revigorada e está estampada aos quatros cantos. “Minha vida agora é só alegria. Agradeço a Deus por tudo que passei e vivo intensamente. Se antes já aproveitava, agora é que aproveito todos os momentos”, frisa Ilka com um belo sorriso nos lábios.
De acordo com dados do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), o câncer de mama é o tipo de câncer mais frequente nas regiões Sul (71 casos/100 mil), Sudeste (71 casos/100 mil), Centro-Oeste (51 casos/100 mil) e Nordeste (37 casos/100 mil). Na região Norte é o segundo mais incidente (21 casos/100 mil).
A detecção precoce do câncer de mama aumentou nos últimos anos, sendo que houve um crescimento de 30% no número de exames realizados por mulheres que estão na faixa etária prioritária (50 a 69 anos). Em 2012 foram mais de 2,3 milhões de mamografias feitas relativo no país. Mesmo com o trabalho de prevenção as estatísticas apontam o surgimento de 57 mil novos casos de câncer de mama em 2014.
Na região do Vale do São Francisco, segundo o médico cirurgião e mastologista, que atende no Hospital Dom Malam (HDM), em Petrolina, e também coordenador do Serviço de Mastologia do Centro de Oncologia Dr Muccini (CEONCO) da Associação Petrolinense de Amparo à Maternidade e a Infância (APAMI), Jomário Macedo, a média da incidência do câncer de mama se aproxima do estimado para o Estado de Pernambuco, que é de 45 casos para 100 mil mulheres.

De acordo com o especialista os fatores que provocam a doença estão relacionados à exposição ao hormônio feminino estrogênio e ao histórico familiar. Apenas 15% a 20% dos casos de câncer de mama surgem de mutações genéticas de transmissão familiar. A maioria é ocasionada pela mutação esporádica. “A pessoa já nasce com a sinalização para vir a ter a mutação, ou seja, a célula tronco pode sofrer uma mutação e se transformar em uma célula cancerígena. Essa possibilidade aliada aos fatores externos, como meio-ambiente, exposição ao estrógeno, estresse e uma má alimentação, podem fazem com que a doença se torne real”, ressalta Macedo.
O câncer de mama é detectado através do exame da mamografia, que deve ser feito por mulheres acima de 40 anos a cada 12 meses. Após a detectada a imagem suspeita da doença, a paciente é indicada para a realização de uma biopsia e a partir do resultado o tratamento para a cura do câncer poderá ser dividido em etapas. “Todas as etapas são de igual importância. Se a paciente deixar de realizar uma das etapas não será tratada corretamente. Então, a cirurgia, a quimioterapia, a radiologia e hormônio terapia são etapas do tratamento. Porém, para alguns casos não é preciso realizar todas as etapas”, salienta o médico.
Durante a realização das etapas do tratamento de câncer de mama, o especialista expõe que os traumas ocasionados nas mulheres são relativos e que as técnicas utilizadas estão mais modernas. “A cirurgia é um trauma agudo. Mas hoje nós avançamos nas técnicas de cirurgia e já conseguimos fazer um tratamento não mutilante com a paciente. A quimioterapia é mais traumatizante, no sentido de ocasionar efeitos colaterais, como a alopecia, que é a queda dos cabelos, pelos. Já a radioterapia e o hormônio terapia acontecem com mais tranqüilidade”, frisa.
O Centro de Oncologia (CEONCO), em Petrolina, após o diagnóstico de câncer de mama, atende as pacientes entre 30 a 40 dias. Em um mês são cerca de oito a 10 cirurgias efetivadas, dando um total de 100 procedimentos cirúrgicos executados por ano. O CEONCO recebe pacientes de várias cidades vizinhas a Petrolina e também de outros estados como Piauí e Bahia. Devido ao crescimento do índice da doença na região a instituição prevê o aumento de cirurgias neste ano.

A professora universitária e jornalista, Teresa Leonel, utiliza a sua página do Facebook para informar e incentivar as mulheres diagnosticadas com câncer de mama, ou outras pessoas que tiveram algum tipo de câncer, a superarem a doença. Teresa descobriu que tinha câncer de mama em dezembro do ano passado e já passou por uma das etapas do tratamento que foi a cirurgia. Os próximos passos serão a radioterapia e a terapia hormonal.
No seu perfil Teresa relata momentos vividos após a constatação da doença e é vista pelos seus seguidores como uma mulher forte, fervorosa na fé e determinada.
“Não tem medo da morte porque eu sei para onde vou. Não tenho medo de falar sobre esse assunto. Creio que os depoimentos estão ajudando, porque muitas pessoas entram na página e ficam impressionadas. A gente não pode ver a vida percebendo que as coisas não acontecem conosco. Independentemente de qualquer situação isso pode acontecer com qualquer mulher e é interessante buscar informações sobre a doença e os procedimentos corretos. Esse modo que eu tenho de ver a vida está ajudando muitas pessoas, inclusive pessoas que já tiveram câncer”, afirma Teresa.
Teresa leva uma vida normal. Trabalha diariamente e nos próximos dias voltará à rotina dos exercícios físicos, um dos seus atrativos preferidos. “Vivo minha vida normalmente, sem estresse nenhum. Já era adepta de uma alimentação saudável, não bebo e não fumo. Então, não existe nada de anormal dentro desse processo de tratamento. Não é preciso medo, isso faz parte da vida. O que eu tenho é muita fé e creio nesse Deus vivo que transforma a vida das pessoas”, frisa Teresa.
Mulheres podem contratar seguros para o tratamento de câncer de mama
Prevenção é uma das orientações médicas contra o câncer de mama e isso através da realização periódica da mamografia. Mas os custos que vem a tona com a doença são altos e algumas mulheres já preferem se precaver. Há três anos em funcionamento, o Seguro Vida Mulher, disponível nas agências do Banco do Brasil, vem se destacando entre os produtos da instituição.
O seguro foi feito para atender mulheres na faixa etária de 18 a 64 anos. Além de cobertura por morte natural ou acidental, o seguro garante o pagamento do capital segurado em vida, em caso de diagnóstico de câncer de mama ou colo de útero. Para realizar obter o seguro é preciso se dirigir as agências do BB, sendo correntista ou não correntista, desde que seja portadora de cartão de credito de bandeira Visa ou Mastercard. A taxa cobrada pelo serviço é a partir de R$ 25.00 e o limite disponível para o tratamento é de até R$ 100 mil. As mulheres que tem histórico de câncer de mama na família ou que já tenham a doença detectada não podem ser cadastradas pela seguradora. Mais informações podem ser obtidas no endereço http://www.bb.com.br/portalbb/home29,116,116,1,1,1,1.bb .
Homens também estão sujeitos ao Câncer de Mama
O câncer de mama, ao contrário do que se pensa, atinge homens e mulheres. Mas a incidência é bem menor nos homens, chegando a ser de um homem para 68 mulheres. Quando existe a queixa de um nódulo o diagnóstico utilizado para detectar o câncer de mama masculino é através do histórico do paciente e de exames como mamografia, ultrassonografia e biópsia do tumor. O tratamento dependerá do estádio do tumor, podendo ser feito por meio de cirurgia, radioterapia ou quimioterapia.




