Sob rumores de que esteja prestes a assumir um novo ministério em Brasília, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, lançou oficialmente a operacionalização do Vale Cultura em São Paulo (veja aqui), com entrega simbólica de cartões magnéticos pré-pagos da bandeira Alelo. A empresa-modelo do sistema foi o Banco do Brasil, que tem 42 mil funcionários aptos a receber o benefício (28 mil já optaram pelo cartão, quase 10% de todos os trabalhadores que já aderiram no País). A expectativa do Banco do Brasil é que a empresa, de economia mista e que está presente em 70% dos municípios brasileiros, invista R$ 22,6 milhões no Vale Cultura este ano. Marta Suplicy disse que, por determinação da presidente Dilma Rousseff, a adesão de todas as estatais tornou-se obrigatória. Segundo o Estadão, isso explica o número até agora de 1.253 empresas e 340.422 funcionários inscritos.
Os pagamentos estão autorizados a partir do dia 31. “O mais interessante do Vale Cultura é que nós não sabemos o que a população quer ver, no que a população vai gastar”, disse Marta Suplicy. Mas a ministra se mostrou agradavelmente surpresa pela adesão de pequenas empresas com quatro a oito funcionários. O benefício dá R$ 50 mensais para empregados que ganham até cinco salários mínimos gastarem com produtos culturais – o valor é cumulativo e o cartão é nominal. As empresas podem usar até 1% do seu lucro real. A ministra ainda estimou que o Vale Cultura deve repercutir forte também na produção cultural. Ela disse que essa produção hoje tem um “cabresto”, que está relacionado à lei de incentivo. “Se vai à Lei Rouanet, se é coisa muito ousada, é muito difícil conseguir, as pessoas têm medo de patrocinar. Com uma plateia Vale Cultura, vai ser uma grande oportunidade para dar musculatura a uma produção cultural que hoje não consegue se exercitar. Vai acontecer muita coisa além das nossas previsões”, estimou. A ministra disse que não teme eventuais desvirtuamentos de finalidade do Vale. Disse que isso pode ir sendo corrigido gradativamente. “Vocês lembram o Bolsa Família, no começo? As pessoas enchiam a geladeira de iogurte, gente. Porque era uma fome do que nunca puderam ter. Depois vai aprimorando no que precisa. E na cultura vai ser exatamente assim”, afirmou.