O prefeito ACM Neto assinou na manhã desta sexta-feira (31) o termo de cessão do uso do imóvel onde moravam os escritores Jorge Amado e Zélia Gattai para transformá-lo em memorial. Serão investidos R$ 6 milhões no espaço, sendo R$ 3 milhões oriundos da Prefeitura e o restante da iniciativa privada através da Lei Rouanet. O imóvel, que estava fechado há 11 anos, chamado Casa do Rio Vermelho, contará com 20 espaços temáticos que contarão as histórias do casal, que viveu no local no período de 1964-2001. O termo de cessão será válido por 10 anos. A casa de número 33, da rua Alagoinhas, no bairro do Rio Vermelho, é o primeiro de 11 equipamentos turísticos e culturais que serão entregues pelo poder público municipal até 2015.
“Será um museu para visitação de pessoas do mundo inteiro, lembrando e contando toda a história de Jorge e Zélia, mas também estimulando jovens, principalmente da nossa cidade, a terem proximidade com a literatura. Teremos aqui um museu de vanguarda, que servirá de referência, e que fará justiça com a nossa história. Estamos, portanto, resgatando os valores da nossa terra e oferecendo mais um espaço de cultura e turismo na cidade. Sobretudo, garantimos a longevidade da obra do casal”, afirmou o prefeito, que pretende inaugurar o memorial no dia 2 de julho, quando se comemora a independência da Bahia e aniversário de Zélia Gattai.
O secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani, explicou que não serão feitas grandes mudanças no equipamento para preservar seu perfil arquitetônico. “Como ela era e como é hoje obedece a convivência de Jorge e Zélia, e é uma afronta querer mexer na casa. O que faremos serão intervenções para permitir acessibilidade e melhor mobilidade na casa, além de revisão elétrica e hidráulica. Ou seja, são ações mínimas do ponto de vista arquitetônico para que consigamos preservar a casa como ela era e trazer de volta os móveis e objetos que estavam no local enquanto Jorge e Zélia viviam. Vamos ainda aplicar novas tecnologias, elementos de cenografia, que vão fazer com que o público tenha interatividade com as obras”, observou.
O imóvel foi dividido nas seguintes partes: “Jorge Amado – muita vida, tantas obras”; “Zélia Gattai – companheira graças a Deus”; “Academia dos Rebeldes”; “Um contador de histórias na língua do povo”; “As criaturas de Jorge Amado”; “A cidade da Bahia, oriente do mundo”; “Os orixás; os amados sabores de Jorge”; “Trocando cartas”; “Ilustres ilustrações”; “Tela, telinha e teatro – outras leituras de Jorge Amado”; “O comunista Jorge Amado”; “O viajante Jorge Amado”; “Amores e amantes amadiantes”; “Os visitantes da Casa do Rio Vermelho”; “Dona Lalú; sapos e surpresas”; “Depoimentos, vídeos e filmagens sobre Jorge Amado”; “Resumo de cada obra do autor”; “Repertório bibliográfico de Jorge Amado”.
Cada espaço contará diferentes aspectos da obra do escritor usando recursos tecnológicos de ponta, vídeos, projeções, efeitos especiais de som e música, interatividades com o público, transformando a visita em um mergulho sensorial no universo de Jorge e Zélia. O visitante vai poder percorrer o imóvel de mais de mil metros quadrados, incluindo o jardim, onde as cinzas do casal foram depositadas. A expectativa é receber até 10 mil visitantes por mês e 50 mil na alta estação. O objetivo é deixar o local o mais fiel possível à época em que o casal viveu no imóvel. A ideia é que o memorial seja autossustentável e, para isso, uma taxa de visitação será cobrada. O espaço vai contar com uma loja de souvenire e um café.
A Casa – No número 33 da rua Alagoinhas, no bairro do Rio Vermelho, fica situada a casa onde viveram por 47 anos Jorge Amado e Zélia Gattai. A Casa do Rio Vermelho, como é conhecida, onde Jorge Amado escreveu muitos dos seus romances, guarda, no seu jardim, na cozinha, nos cômodos, na biblioteca, no rico acervo de obras de arte e inúmeras histórias tecidas nos encontros com amigos, artistas e os muitos visitantes ilustres que por lá passaram.
Comprada em 1960 com dinheiro da venda dos direitos do livro Gabriela, Cravo e Canela para a MGM, a casa mais tarde virara título do livro de Zélia publicado em 2002, contando a história vivida pelo casal quando moraram por lá. No local, o casal recebeu visitas ilustres como Glauber Rocha, Pablo Neruda, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Roman Polanski, Jack Nicholson, Sartre e Simone de Beauvoir entre tantos outros.
Participaram da solenidade de hoje Paloma e João Jorge Amado, filhos de Jorge Amado e Zélia Gattai. Eles agradeceram à Prefeitura pela iniciativa e se colocaram à inteira disposição para auxiliar no projeto do memorial.