A comissão de arbitragem da CBF admitiu que os juízes ainda estão em adaptação à nova orientação de marcar falta em bolas que atinjam braços de jogadores em movimento. Essa instrução foi dada em dois cursos antes e depois da Copa-2014. Mas surgiram diversos lances com interpretações diferentes nos campeonatos após o Mundial.
No final de semana, foi o pênalti para o Flamengo diante do Corinthians, no qual a confederação não viu erro. Nas rodadas anteriores, foram as penalidades para o Fluminense diante do Palmeiras (marcada) e a do time rubro-negro contra o Goiás (não marcada). Outro lance polêmico foi em favor do Flamengo no jogo com o Coritiba, pela Copa do Brasil.
Todas essas marcações foram aprovadas pelo presidente da comissão de arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa. É a instrutora da confederação Ana Paulo de Oliveira quem explica a interpretação.
“O assunto é simples e complexo. Deve-se marcar em dois casos. Quando tocar na bola com a mão deliberadamente, e podemos dizer que neste caso há intenção. E quanto houver uma ação deliberada com o braço ou a mão. Essa orientação é da Fifa, não partiu de nós”, explicou ela.
“Quando um jogador dá um carrinho, se ele salta com o braço aberto, se colocou em risco de cometer a falta. Se saltar com o braço aberto, e bater a bola, será pênalti”, completou.
A orientação da Fifa vem desde o ano passado. Mas a CBF a implantou em larga escala no Brasileiro com os cursos e orientações no meio do ano. Tanto que vai até apresentar um vídeo no site da entidade com a explicação de por que são marcados os lances de mão para o público.
“Tínhamos um conhecimento arraigado sobre isso (de que falta era com intenção). Agora, o jogador corre o risco se estiver em posição (de braço aberto). Nem todas as reclamações têm fundamento”, completou Corrêa.
O presidente da comissão defendeu a arbitragem no Brasileiro, apesar das seguidas reclamações dos dirigentes, jogadores e técnicos. Para ele, com 920 partidas realizadas no ano, os números mostram um evolução dos juízes brasileiros. E usa os dados para se justificar:
“A evolução existe. Pode não ser notada, mas existe”, contou. “Um exemplo é que temos 34 faltas em média no Brasileiro, quando havia 30 na Copa. E esses números estão caindo. Reduzimos a média de idade dos árbitros, temos um banco de dados sobre cada um e estamos levantando quem acerta mais e quem erra mais para sermos justos.” O número de faltas caiu de 52,4 em 2003 para 34,4, pelos números da CBF.
A análise vai na contramão de declaração do presidente da CBF, José Maria Marin, durante a convocação da seleção brasileira. Ele afirmou estar insatisfeito com a atuação dos juízes no Brasileiro. Ou seja, a confederação não se entende sobre a qualidade dos juízes nacionais.