Representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) estão reunidos desde a tarde desta terça-feira (13) com dois diretores da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) e funcionários da gerências regionais das barragens de Paulo Afonso, Itaparica e Sobradinho. Desde a manhã desta terça, aproximadamente mil integrantes do MAB ocupam a sede da companhia no Recife, no bairro de San Martin.
Durante a reunião, o MAB entrega formalmente as reinvidicações. De acordo com a Chesf, os profissionais destacados para o encontro vão analisar as propostas e dar o posicionamento do que couber à companhia. Quanto às questões que forem além da decisão da instituição, a Chesf vai analisar como pode encaminhar as reinvidicações.
O próprio MAB tem consciência de que existem itens na pauta que não competem à Chesf, mas esperam que ela sirva como canal de diálogo com o Governo Federal. “Não podemos dizer que essa reunião vai resultar na desocupação. Queremos que o Governo e a Chesf comecem a pagar a dívida social enorme que têm. O que não conseguirmos avançar aqui, esperamos que avance em Brasília”, explica o coordenador do MAB, José Josivaldo de Oliveira. .
O MAB afirma ter cadastradas 12 mil famílias no Nordeste que não foram respeitadas em seus direitos ao terem as terras desapropriadas para a construção de barragens como a de Petrolândia, em Pernambuco, a de Acauã, na Paraíba, a de Castelão, no Ceará, e a de Sobradinho, na Bahia. O movimento pede que essas famílias sejam assentadas com direitos assegurados, como água, moradia e educação. “Nós somos também totalmente contra a barragem de Belo Monte, temos uma contestação aberta, ela não vai desenvolver o Brasil de forma alguma”, acredita Oliveira.
Outro dos pontos da pauta de discussão é a questão da renovação das consessões das usinas e linhas de transmissão, evitando a privatização. A assessoria da Chesf explicou que o direito de explorar algumas usinas estão para vencer em 2015, mas também afirmou que já foi sinalizada a renovação, desde que houvesse uma redução gradual da tarifa, uma vez que as usinas já foram construídas. A redução das tarifas é também uma das reinvidicações do movimento. “A tarifa social cobrada das famílias pobres é absurda e não vai melhorar em nada com a privatização. Queremos a redução das tarifas da energia elétrica, que é uma das mais caras do mundo”, afirma Oliveira.
Os funcionários da Chesf mostraram simpatia pela causa da renovação. “Isso interessa a nós também e a todo os cidadãos. O presidente [da Chesf, João Bosco de Almeida] já falou em palestra sobre esse assunto”, conta o agente do programa Luz Para Todos, Caio Siqueira. “A gente espera que isso se resolva tanto para nós funcionários, para que possamos voltar a trabalhar, quanto para eles, que sofreram ao ser retirados dos seus lares. Não estamos contra a empresa, apenas entendemos o sofrimento deles, que escolheram um núcleo de governo para protestar. Gera transtorno, lógico, mas a luta deles é justa”, afirma o assistente técnico de usinas, Erilio Lima.
Apesar da reunião prevista, os líderes do movimento não têm expectativa de desocupar o prédio. “Essa é uma jornada nacional. Não adianta a negociação avançar aqui e ficar travada em outro lugar. Estamos com ações em outras estatais do setor elétrico e a desocupação depende do avanço não só da pauta local, como também nacional”, avisa Oliveira.