O psiquiatra Lester Grinspoon, autor de um dos primeiros artigos a desmistificar os males da maconha, “Marihuana”, publicado em dezembro de 1969, na revista “Scientific American”, não é apenas a favor da liberação da droga, como também é um dos entusiastas das possibilidades que a substância pode ter no futuro. Segundo ele, em entrevista à Folha, a cannabis é o remédio menos tóxico já registrado na literatura médica com potencial terapêutico para uma infinidade de doenças. “Ela será a maravilha do nosso tempo, como foi a penicilina no passado”, disse ao jornal. O estado de Nova York se tornou, no início deste mês, o 21º nos Estados Unidos a permitir o consumo da maconha para fins medicinais. Ainda em janeiro, a França aprovou o Sativex, medicamento à base do princípio da cannabis ativo para tratar sintomas da esclerose múltipla.
Na América do Sul, tem o exemplo do Uruguai que, no fim de 2013, permitiu que qualquer cidadão maior de 18 anos cultive a maconha para consumo pessoal. Questionado sobre a possibilidade de pacientes com histórico de doença psiquiátrica poderiam ser submetidos a um tratamento que incluísse maconha medicinal, Lester respondeu: “A erva tem ação antidepressiva e pode ser uma aliada na depressão moderada, além de eficaz no transtorno bipolar na fase de mania. Outra aplicação seria na versão adulta do deficit de atenção.Mas não posso afirmar que todos responderiam à erva. Tivemos muitos obstáculos para a realização de estudos clínicos. O caminho é longo para romper com esse atraso”, respondeu.